"Tu es Petrus et super hanc petram ædificabo Ecclesiam meam et portæ inferi non prævalebunt adversus eam"

quarta-feira, 30 de junho de 2010

SENADOR MAGNO MALTA E A CPI DA PEDOFILIA


A OAB seccional de Alagoas abriu processo junto à corregedoria do Senado federal contra abuso de autoridade do senador Magno Malta, pastor protestante, membro da Igreja Assembléia de Deus, que se apresentou à imprensa e a sociedade alagoana como o mais puro dos homens e investido até com a autoridade divina para punir com humilhação pública padres católicos. Impediu o acesso dos advogados no auditório onde fez as audições, coagiu com ameaças os investigados e outras testemunhas, além de tornar pública uma investigação que era sigilosa, sob o pretexto de averiguar se as leis penais e processuais penais estavam sendo respeitadas pelos agentes públicos envolvidos.


O foco da imprensa fitou de tal forma no caso, que obscureceu alguns fatos deploráveis que mancham a vida do senador dito égide da moralidade pública. Em agosto de 2006, foi aberto um processo contra Magno Malta sob a acusação de que recebera um carro da empresa Planam – empresa que fornecia ambulâncias superfaturadas às prefeituras, com emendas parlamentares do empresário Luiz Antônio Vedoin – para viajar com sua banda gospel “Tempero do Mundo” em troca da promessa de apresentar uma emenda no valor de R$ 1 milhão a favor da Planam. Em depoimento ao Conselho de Ética, Darci Vedoin, pai de Luiz Antônio, confirmou ter encontrado o senador para discutir o assunto. Naquele período, o segundo suplente do senador, Nilis Castberg, “assessorava” secretamente o conselho de ética, depois que veio a tona abandonou o cargo para virar secretário de Defesa Social do município de São Mateus (ES), cargo que apareceu miraculosamente.

Na quinta-feira dia 09 de julho de 2009, a administração do senado investigou um ato de improbidade do senador, pois usando os recursos públicos foi com um assessor, José Augusto Santana, para a Índia a fim de participar de um evento contra a pornografia infantil, porém resolveram descansar um pouco em Dubai (Emirados Árabes), segundo reportagem do jornal “Correio Braziliense”. Passaram quatro dias de folga, num hotel de luxo, numa viagem oficial autorizada apenas para a Índia, em dezembro. Conseguiram autorização para receber diárias de 1 a 8 de dezembro no valor de R$ 7.200, para cada um sem compromissos oficiais. O assessor de Malta gastou R$ 4.000,00 em ligações com telefone celular corporativo ao longo da viagem entre a Índia e os Emirados Árabes, inclusive no período em que esteve em Dubai.

Além desta mancha não explicada pelo Senador, outro questionamento é pertinente: Por que o mesmo alarde e show pirotécnico realizados pelo senador Malta, com os padres católicos, não foram usados nos casos de pedofilia em relação aos pastores pedófilos?

O caso do pastor Carlos Roberto Batista, de 28 anos, da Igreja Pentecostal "Brasil Para Cristo", preso em flagrante delito por policiais num Fiat Siena, na esquina da Rua Martino Rota com a Rua Daniel Berger, em São Paulo. Na ocasião um adolescente de 14 anos, que estava agachado no colo de Carlos Roberto. Ao ser indagado pelos policiais sobre o que estava ocorrendo, o adolescente disse que estava fazendo sexo oral em Carlos, pois este o havia abordado e, intimando-o com uma faca, obrigando-o a entrar no carro e praticar os atos libidinosos. O pastor negou tal versão, mas a faca foi encontrada no carro e havia esperma na roupa do garoto.

O caso do pastor Antônio Hilário Filho, 53, preso em Marcelândia, a 253 km de Cuiabá, acusado de abusar de pelo menos sete garotos de 13 a 15 anos, a informação é do portal G1.

O caso do Pastor José Leonardo Sardinha da Igreja Assembléia de Deus, Ministério Plenitude, que em 2006, abusou de uma moça de 14 anos. Ela estava apaixonada pelo filho do pastor, como o rapaz não se interessava pela garota, o Pastor abordou-a dizendo que recebera uma mensagem divina: se ela oferecesse um sacrifício, teria o favor divino. O sacrifício seria ter relações sexuais com ele por três vezes. A garota ficou frustrada, pois seu sacrifício não despertou o interesse do rapaz. O Pastor foi condenado por estupro e atentado violento ao pudor.

O caso ocorrido no dia 22 de março de 2001, em Salvador. Depois de abusar sexualmente de Lucas, um garoto de 14 anos, o pastor Sílvio Roberto Santos Galiza, 26, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), colocou-o dentro de um caixote de madeira e pôs fogo. O menino foi queimado vivo. O crime ocorreu por ciúmes, pois Lucas começou a namorar uma moça, o que desagradou o pastor. O “bispo” Fernando Aparecido da Silva e o pastor Joel Miranda também foram acusados pelo assassinato. O Pastor foi condenado por abuso sexual e assassinato.

O caso do pastor Laércio Eugênio, 53, da Igreja Assembléia de Deus, em Livramento (RS), abusou sexualmente e engravidou uma menor, de 14 anos, que trabalhava em sua casa. Ele revelou durante inquérito que estava alegre com a gravidez da menina.

O caso (mais um) do pastor Ricardo Luiz Duarte, de 43 anos, foi preso no dia 26 de julho de 2006, após ser surpreendido pelo pai de uma menina de seis anos, que estava sem calcinha sendo abusada sexualmente pelo pastor, em sua casa, no bairro Portão do Rosa, em São Gonçalo. Ricardo, que é da Igreja Assembléia de Deus daquele bairro, fugiu, mas foi localizado escondido no quintal de casa, perto da residência dele, por policiais militares que foram chamados pelo pai da criança.

O caso (outro) do pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, José Vicente dos Santos, conhecido como “Márcio”, de 50 anos, morador de Ilhéus, que esteve preso há mais de 50 dias na cadeia pública de Santa Cruz da Vitória. Ele foi preso após ser flagrado com uma menina de 13 anos, no interior do seu veículo, chegando de Itabuna. Segundo a polícia, o pastor estaria voltando de um motel com a menina. A outra vítima do pastor, que está grávida dele, mora ao lado da menor.

Segundo o delegado Francesco Santana, a polícia teve conhecimento do fato através de uma denúncia do diretor da escola onde a menor estuda. De acordo com as informações, ela vinha faltando a muitas aulas por conta dos encontros secretos com o pastor. O pedófilo foi solto através de um alvará de soltura expedido pela comarca local.

E o caso do casal de pastores evangélicos (casados?? Ué, a pedofilia não era por causa do celibato??) preso pela Polícia Federal no dia 04 de setembro de 2006, na cidade de Paranaguá (98 km de Curitiba), acusado de pedofilia. O pastor Francisco Vicente Corrêa Filho, 57, é acusado de estuprar pelo menos dez meninas, com idades entre 10 anos e 13 anos. A mulher dele, Elizabeth Graff, 41, é apontada pela PF como colaboradora dos crimes e aliciadora das meninas.

A resposta para a indagação só pode ser uma: interesse político. Os eleitores do senador são os evangélicos e perseguindo tais casos ele perderia seus votos. Não queremos a absolvição dos padres pedófilos, a justiça deve ser feita e aplicada também aos outros cidadãos que cometem o mesmo crime (pastores; pais de família – estes representam a maioria dos casos e nem por isso se faz uma campanha para as crianças ficarem longe de seus pais, ou a de associar pedofilia à paternidade – médicos, turistas e outros). Repudiamos e condenamos o procedimento do ato público que infringiu vários mandatos constitucionais e vilipendiou direitos fundamentais da pessoa humana.