Mais uma Semana Santa a se comemorar.Trazemos, sobretudo em nossos corações, a recordação dos sagrados mistérios da paixão e morte de Jesus, a se contemplar no drama do Calvário.
Nesse momento tão forte para nossa espiritualidade cristã, injustificável qualquer atitude de apatia e frieza, perante o surpreendente amor de Deus para com cada um e cada uma de todos nós.É a razão pela qual, de fato, nos expressamos: Indiferença? Nunca!
Jamais se apaga de nossa lembrança a recordação do visual do presépio, com todo aquele aspecto de tamanha ternura do Menino Deus. E daquela meiga criança, de fascinante candura e inocência, não de qualquer criança, mas de um Deus feito homem, em seu infinito amor para com a humanidade.
E agora, na Semana Santa, tudo ao contrário: o mesmo Jesus de Belém, a nos ser apresentado como vítima, oferecida na morte crudelíssima da cruz, pelos pecados do mundo. Foi o pesado tributo pago pelo Divino Redentor, conforme as palavras do profeta Isaías, no mais impressionante realismo: “Tão desfigurado Ele estava, que não parecia um ser humano. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dor e sofrimento. Mas Ele foi ferido por causa de nossos pecados. Meu Servo, o Justo, justificará inúmeros homens, carregando sobre Si suas culpas. ( Jer 52)
Talvez por esse motivo, a razão do provérbio tantas vezes citado: “O justo paga pelos pecadores.”Com igual detalhe deprimente, também o profeta Isaías nos descreve: “Ofereci as costas para me baterem, e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetadas e cusparadas.”( Is 50,6)
Se nos sentimos consternados com os sofrimentos físicos do Divino Salvador, que dizermos, então, das agruras de seus sofrimentos morais, ao suportar grosseira ingratidão.
Assim, no desenrolar do iníquo e hediondo processo de julgamento, como golpe de inclemente punhalada em seu coração, o Bom Jesus teve de ouvir o clamor de ódio da multidão ali reunida: “Crucifica-o; crucifica-o” .
A poluição sonora de nossos dias, provoca um ambiente totalmente desfavorável ao recolhimento e à reflexão. Mas, sobretudo nos dias de Semana Santa, importa que nos esforcemos por nos concentrarmos numa reflexão mais profunda, sobre nossa responsabilidade pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, não nos omitindo na resposta de correspondência que se faz esperar, com o determinado propósito da mais sincera conversão do pecado para a vida de maior união com Deus.
Jesus Crucificado jamais se consideraria um fracasso. Ao contrário, foi a manifestação do amor máximo de Deus, em favor da humanidade pecadora.
Prevenindo-nos de qualquer indiferença perante o mistério do Calvário, reflitamos sobre as palavras do apóstolo São Paulo: “ Jesus humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou, e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Assim , ao nome de Jesus, todo joelho se dobre, e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor. ( Fl 2, 8-10)
Por Dom Roberto Gomes Guimarães
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