No dia 16 de abril, celebramos o natalício de nosso “doce Cristo na Terra”, louvando a Deus pelo dom de sua piedosa vida inteiramente dedicada a Deus e à Santa Igreja Romana. Em seguida, no dia 19, imploramos a Deus sob a materna intercessão de Maria Santíssima e sob os auspícios de São Pedro e São Paulo pelo nosso Santo Padre, por ocasião de seu 5° aniversário de eleição para Cátedra de São Pedro Apóstolo.
Nestes dias jubilosos do aniversário natalício e pontifício de nosso Santíssimo Padre, sua augusta pessoa e seu sublime ministério petrino são atacados pelos inimigos da Santa Religião que querem a todo custo manchar sua honra e diminuir sua autoridade moral para enfraquecer ação evangelizadora da Igreja no mundo. Nesta ocasião, gostaria de partilhar uma pequena reflexão sobre o ministério petrino tão essencial para a Igreja e para o mundo, além de enaltecer aquele que o Senhor Deus constituiu Pastor Supremo de sua Igreja, Vigário de Cristo na Terra e timoneiro da barca de Pedro nestes tempos de mar bravio e tempestuoso para que nos guie ao Porto Seguro da Salvação que é Cristo Jesus.
“Tu es Petrus...” (Mt 16, 18ss). Com estas augustas palavras, Nosso Senhor Jesus Cristo confere o poder das chaves a Pedro, príncipe dos apóstolos, após tê-Lo reconhecido como o Messias, o Filho de Deus Vivo. Dessa maneira, São Pedro se torna a “pedra” sobre a qual será edificada a Igreja de Cristo. Sobre a proclamação de fé daquele humilde pescador se edificou uma instituição divina: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana com sua estrutura hierárquica. Desde Pedro até hoje, 265 homens, santos e pecadores, ocuparam a cátedra (cadeira) do bem-aventurado Pedro na certeza de “que as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16, 18), pois tem a garantia da assistência do Divino Espírito que concede o dom da infalibilidade, isto é, de não errar jamais quando ensina em assuntos de fé e moral.
Por isso, a Santa Igreja venera desde tempos imemoriáveis no dia 22 de fevereiro àquela cátedra na qual o sucessor de Pedro e Vigário de Cristo na Terra se assenta para ensinar a verdadeira doutrina que nos conduz à Vida Eterna. Assim, se expressou o Santíssimo Padre, Bento XVI, quando tomou posse de sua Igreja Catedral de São João de Latrão em Roma (07/05/2005): “O Bispo de Roma senta-se na Cátedra para dar testemunho de Cristo. É o símbolo da potestas docendi, aquele poder de ensinar que faz parte essencial do mandato de ligar e desligar conferido pelo Senhor a Pedro e, depois dele, aos Doze. Na Igreja, a Sagrada Escritura, cuja compreensão aumenta sob a inspiração do Espírito Santo, e o ministério da interpretação autêntica, conferido aos apóstolos, pertencem um ao outro de modo indissolúvel. [...] Este poder de ensinamento assusta muitos homens dentro e fora da Igreja. Perguntam-se se ela não ameaça a liberdade de consciência, se não é uma soberba em oposição à liberdade de pensamento. Não é assim. O poder conferido por Cristo a Pedro e aos seus sucessores é, em sentido absoluto, um mandato para servir. O poder de ensinar, na Igreja, obriga a um compromisso ao serviço da obediência à fé. O Papa não é um soberano absoluto, cujo pensar e querer são leis. Ao contrário: o ministério do Papa é garantia da obediência a Cristo e à Sua Palavra. Ele não deve proclamar as próprias ideias, mas vincular-se constantemente a si e a Igreja à obediência à Palavra de Deus, tanto perante todas as tentativas de adaptação e de adulteração, como diante de qualquer oportunismo”.
Como se percebe o poder do Papa na Igreja é um poder pleno, supremo, imediato e universal – como reza os sagrados cânones 331-333 do atual Código de Direito Canônico, mas não pode ser absoluto nem ilimitado, dado que está subordinado ao poder divino, que se expressa na Tradição, na Escritura Sagrada e nas definições promulgadas pelo Magistério Eclesiástico anterior (Denz. 3116).
Por isso, dentro de todos os títulos que o Santo Padre recebe o que melhor expressa esta verdade é aquele instituído pelo papa São Gregório Magno, no século VI: “Servus Servorum Dei”, ou seja, o servo dos servos de Deus. O Papa portanto é aquele que serve a Igreja em seu sagrado ministério petrino que é indispensável para manter inabalável na mesma fé os fiéis unidos pelo vínculo da unidade e da caridade. Nestes dias em que comemoramos o aniversário natalício e pontifício, rezemos pelo nosso Papa Bento, o “ doce Cristo na Terra” – como afirmava Santa Catarina de Siena, sustetemos sua augusta pessoa e seu sublime ministério petrino com nossas orações e sacrifícios cotidianos. Por que ele é – nas palavras do glorioso São Bernardo de Claraval dirigidas ao seu filho espiritual o Papa Eugenio III: “O grande sacerdote, o sumo pontífice. Sois o príncipe dos bispos, o herdeiro dos apóstolos; Abel por primado, Noé por Governo; no patriarcado, Abraão; na Ordem, Melquisedec; na dignidade, Aarão; na autoridade, Moisés; na justiça, Samuel; na potestade, Pedro; na unção Cristo. Sois aquele a quem foram dadas as chaves, a quem foram confiadas as ovelhas. Outros além de vós são também porteiros do Céu e pastores de rebanhos; mas esse duplo título é em vós tanto mais glorioso quanto recebestes como herança num sentido mais particular que todos os demais. Esses outros têm seus rebanhos, somente vós tendes um só rebanho, formado não apenas pelas ovelhas, mas também pelos pastores; sois o único pastor de todos. (De Consideratione, L. II, 8). [...] Por fim, considerai que deveis ser o modelo exemplar da justiça, o espelho da santidade, o exemplo da piedade, a testemunha da verdade, o defensor da fé, o mestre das nações, o guia dos cristãos, o amigo do esposo, o padrinho da esposa, o ordenador do clero, o pastor dos povos, o mestre dos ignorantes, o refúgio dos perseguidos, o defensor dos pobres, a esperança dos miseráveis, o tutor dos órfãos, o protetor das viúvas, o olho dos cegos, a língua dos mudos, o bastão dos velhos, o vingador dos crimes, o terror dos perversos, a glória dos bons, o cetro dos poderosos, o flagelo dos tiranos, o pai dos reis, o moderador das leis, o dispensador das normas, o sal da terra, a luz do mundo, o sacerdote do Altíssimo, o vigário de Cristo, o unguento do Senhor. (De Consideratione, L. IV 23).
Com toda certeza, podemos aplicar esta admoestação do santo abade de Claraval ao nosso Santo Padre Bento XVI, pois de sua cátedra romana, ele não cessa de ser: modelo de justiça ao corrigir “um equívoco histórico ao declarar desimpedido o uso da Liturgia Romana tradicional” (Oblatvs); espelho de santidade e exemplo de piedade ao nos recordar a primazia do amor-caridade, da adoração ao Santíssimo Sacramento, bem como de uma Divina Liturgia que é um autêntico culto agradável a Deus por sua sacralidade e beleza; testemunha da verdade e defensor da fé ao guardar com intrépida firmeza o depósito da fé contra o relativismo, o modernismo e todas as heresias que ameaçam a barca de Pedro; o mestre das nações ao ensinar as verdades de fé com clareza e objetividade... Enfim, o Santo Padre é o sacerdote do altíssimo, vigário de Cristo e unguento do Senhor. Por este imenso dom [o ministério petrino] confiado pelo próprio Senhor a Pedro e a seus sucessores, louvemos e agradeçamos a Deus, pois temos a certeza de que “as portas do inferno não prevalecerão” (Cf. Mt 16, 18ss). E, jamais nos esqueçamos de rezar pelo nosso amado pontífice, sustentá-lo com nossas orações para que continue a guiar a barca de Pedro com sabedoria, coragem e firmeza apostólica, promovendo uma autêntica reforma da Santa Igreja que expulse de uma vez por todas a “fumaça de Satanás” que penetrou na Igreja, como já denunciava seu predecessor S.S. Paulo VI (29/07/1972).
Oxalá os católicos se conscientizem da importância do ministério petrino na vida da Igreja e amem com pia veneração o nosso Santo Padre, sendo obediente aos seus ensinamentos.
Da nossa parte, acolha, Santo Padre, as nossas orações e nossa filial obediência, pois “A ti corremos, Angélico Pastor, / Em ti nós vemos o Doce Redentor! / A voz de Pedro na tua o mundo escuta, / Conforto e escudo de quem combate e luta. / Não vencerão as portas do inferno, / Mas a verdade, o doce amor fraterno. [...] Salve, Santo Padre, / Vivas tanto ou mais que Pedro! / Desça qual mel do rochedo / A bênção paternal” (Gounod. Marcha Pontifícia).
Viva o Santo Padre! Vida longa a Bento XVI! Ad multos annos!
Por Maycon Sanches