"Tu es Petrus et super hanc petram ædificabo Ecclesiam meam et portæ inferi non prævalebunt adversus eam"

sábado, 10 de abril de 2010

EM DEFESA DE BENTO XVI

Há algum tempo, nós católicos estamos percebendo uma verdadeira campanha, bastante orquestrada por sinal, para desacreditar a Igreja e, de forma especial, aquele Pastor que Deus lhe deu, o Santo Padre, o Papa Bento XVI.

As razões para esta campanha difamatória são bastante compreensíveis. Já antes de ser eleito Papa, Joseph Ratzinguer era conhecido como o “Panzer” alemão da Igreja Católica, ocupando o difícil e incômodo cargo de Prefeito da Congregação para a Defesa da Fé, Dicastério da Cúria romana responsável em “promover e em tutelar a doutrina da fé e dos costumes em todo o orbe católico” (Constituição Apostólica “Pastor Bonus”, do Santo Padre o Papa João Paulo II, n. 48). Assim, durante muitos anos à frente desta importante Congregação, o atual Papa, no cumprimento de seu dever, granjeou a fama de “homem duro”, insensível e implacável. Sua eleição para o Papado provocou pruridos de contestação dentro e fora da Igreja.

Já como Papa, Bento XVI provou que a fama de insensibilidade ou de possível dureza frente a problemas e situações não lhe é aplicada com justiça. É um homem afável, simples, compreensivo e muito santo.

O atual Papa é, antes de tudo, homem de Deus e homem da Igreja. Sabe separar o pecado do pecador. Sabe dizer as verdades com a suavidade da caridade. Sabe, em sua alta missão pastoral, ensinar, corrigir, admoestar e mesmo castigar quando isto se faz necessário.

Mas Bento XVI, aos olhos do mundo extremamente paganizado, tem um defeito mortal: é o homem da coerência, que não “vende” as verdades da fé, da moral, da disciplina cristãs a preço de bananas. Ou seja, não transige na questão dos princípios. É um homem de única peça, que não teme o que os outros pensam ou dizem de sua ação pastoral à frente da Igreja. Conseqüentemente, é alguém que incomoda, alguém que enfrenta os diversos “lobbys” que hoje pretendem impor suas visões relativistas e subjetivistas. Bento XVI, com sua autoridade moral de teólogo e de humanista ganhou o ódio daqueles que defendem, por exemplo, a liberalização do aborto, das uniões homossexuais, da eutanásia, etc. Estes movimentos tem suas forças mobilizadoras, que influem poderosamente na opinião pública. Para estes grupos, sempre bem organizados, a Igreja deveria mudar seu ensinamento, “adocicar” sua Doutrina, especialmente em relação à moral. Assim a questão escandalosa e vergonhosa dos casos constatados de pedofilia entre uns poucos eclesiásticos foi como servir “um prato cheio” a estes grupos de pressão. Não é a Igreja o paradigma da moralidade? E como pode permitir no seu interior tais escândalos? Melhor ainda seria encontrar um único caso em que, de alguma maneira, direta ou indiretamente, o Santo Padre pudesse estar envolvido... Sabe-se de um jornal da Alemanha que oferece milhões de euros para quem apresentar algum caso contundente, que envolva a pessoa de Bento XVI.

Nós católicos, com a nossa Igreja e com o nosso Pastor Supremo, vamos sulcando estes mares atribulados. A tempestade parece não ter fim. Possivelmente, ainda outros escândalos serão trazidos à luz.

Cabe-nos, a meu ver, algumas atitudes de fundo.

Primeiramente, o reconhecimento do mal que alguns pastores da Igreja ou membros de Institutos religiosos produziram, com estas atitudes irresponsáveis e doentias. O pan sexualismo que atingiu nosso mundo, depois dos anos sessenta, é sem dúvida, um dos responsáveis por todo este problema que hoje afeta e aflige a Igreja. Desleixou-se muito na seleção de candidatos e na formação afetiva oferecida em muitos seminários e casas de formação. Nossas crianças e nossos jovens tem o direito de encontrar na Igreja um ambiente sadio, onde se ensine a verdade sobre a sexualidade, na obediência amorosa às leis de Deus.

Em segundo lugar, é preciso olhar para o futuro, e preparar bem nossos futuros padres e religiosos, fazendo-os compreender que a vocação ao ministério ou à vida religiosa é um chamado de Deus à santidade e à coerência de vida. Não há lugar nos quadros hierárquicos da Igreja e na vida religiosa para quem não é capaz de amar de forma sadia, segundo o amor do Coração de Jesus.

Em terceiro lugar, é preciso rezar muito pela Igreja e pelo Santo Padre, o Papa, bem como pelos bispos, padres e religiosos em geral. Mas, de forma muito especial, neste momento difícil da História da Igreja, é preciso estar sempre particularmente unidos ao Papa, que sofre pressões inimagináveis. Não podemos abandoná-lo nesta hora, e assim como em relação a Pedro que “estava encerrado na prisão, mas a Igreja orava sem cessar por ele, a Deus” (Atos, 12,5), nós também não podemos abandonar o Papa, e devemos rezar muito por ele.

Como já expressei em outra oportunidade, a Igreja vive um momento de purificação. E purificação é Graça de Deus, redunda sempre em renovação. Folhas secas e frutos apodrecidos cairão por terra. Sobrarão folhas e frutos verdejantes.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller

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