"Tu es Petrus et super hanc petram ædificabo Ecclesiam meam et portæ inferi non prævalebunt adversus eam"

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CAMPANHA (ELEITORAL) PELA VIDA


A estratégia do PT é sempre suja e podre. Com a queda de Dilma nas pesquisas, motivada pelo setor religioso, como resposta ao seu apoio ao aborto, vimos Lula socorrendo, desesperadamente, sua candidata em um vídeo na tv, onde se diz defensor da vida e da liberdade religiosa (como se esses direitos que nos são garantidos pela Constituição Federal fossem mais algumas das maravilhosas, quase mágicas, obras da irreal reinvenção do Brasil pelo governo Lula) e que Dilma será continuadora disso. Ora, temos vídeos de entrevistas da Dilma se dizendo favorável ao aborto. Fora que esta questão é bandeira de luta do PT, está em seus documentos (resoluções do 3º Congresso geral do PT). Tentam enganar o povo brasileiro com mentiras e imagens, como uma reunião com "lideres" religiosos, onde Dilma se diz ser contra o aborto, mas seu argumento nunca fala da criança indefesa, apenas do sofrimento da mulher. O PT e a Dilma não estão preocupados com a vida destas crianças e sim com os milhões de dólares que são aplicados em seu governo, por organizações internacionais como as Fundações Ford e Rockefeller, para financiar a causa abortista no Brasil. Mas disto o PT não fala! A propósito, quem era o representante católico naquela reunião de líderes religiosos? Gabriel Chalita? Ele não é representante da Igreja, e sim de seus próprios interesses políticos!


A outra candidata que se diz contra o aborto, mas aprova a realização de um plebiscito para decidir a questão é Marina Silva. Ela já fez parte da banda podre do PT e na pose de "ilibada" saiu do governo e trocou de partido, não por causa dos mensalões, mas por causa do meio ambiente. Na verdade não existe diferença entre Marina e Dilma, elas comungam dos mesmos ideais.

Encontrei em um blog este texto do dia 26 de setembro de 2009:

"Não posso simplificar dizendo que sou contra ou a favor. No meu entendimento acho que deve haver um plebiscito. Não se pode impor nem a posição dos que são contra nem a dos que são a favor. Não se trata de satanizar a mulher que busca alternativa para seu desamparo, mas seria reducionismo achar que aborto é um ato sem consequência. Precisamos aprofundar esse debate. Advogo para que se possa ter essa discussão.” Senadora Marina Silva durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, 21/09/2009."

Por que a senadora não faz o serviço completo e pede também um plebiscito para o homicídio, que, assim como o aborto, também está elencado entre os "Crimes contra a vida" em nosso Código Penal? A verdade é que a senadora, ciente ou não, está defendendo uma inconstitucionalidade. Isto só para ficar no terreno legal.

A questão, na verdade, é bem simples: não cabe um posicionamento a favor do aborto pois se trata de uma vida humana. Ou isto ou a senadora parte para a relativização do mandamento "Não matarás", que ela ao menos deve conhecer. Ou então a senadora, contra tudo o que a ciência já sabe, insiste, da mesma forma que muito abortistas, que o fruto da concepção não é humano.

Este é o tamanho da confusão em que se meteu a senadora, que é apontada por ampla maioria da mídia como uma pessoa altamente ética. Na questão do aborto, em minha humilde opinião, a senadora, assim como seu companheiro Lula, faz mais mal do que uma abortista declarada.

Explico: o que muito atrapalha na defesa da vida são as pessoas que se dizem "pessoalmente contra o aborto, mas..."; gente como Marina Silva, Lula e outros. Atrapalham porque são eles, com sua visão relativista da vida humana, que mais munição dão aos que procuram a liberação do aborto.

O que a senadora do fundo do abismo de sua visão relativista não consegue enxergar é que o aborto não é alternativa para o desamparo em que por acaso se encontre uma mulher. Alternativa seria a desburocratização de adoções, seria implementar medidas de apoio à mulher grávida, seria construção de creches, de escolas, etc.. O aborto, a eliminação de um ser humano em estágio ainda frágil, não é alternativa a nada.

O que vai ficando claro é que a famosa ética de Marina Silva é a ética possível a uma esquerdista, uma ética tão relativista que chega ao ponto de, sob uma retórica bem elaborada, olhar para o lado enquanto crianças vão parar em trituradores de carne.

A senadora acha que o debate deve ser aprofundado. Debater o que, senadora? Debater que os frutos da concepção não são seres humanos? Ou debater que o aborto é uma "alternativa" à vida da criança?

Esta ética de Marina Silva a mim não surpreende, é uma ética caduca, uma ética que se adapta ao público, é uma ética que serva para nada, apenas para favorecer o assassinato cruel de crianças no ventre de suas mães.

A senadora acerta ao falar que o aborto não é um ato sem conseqüências. Corretíssimo! A conseqüência de TODO aborto, fora os problemas físicos e psicológicos para a mãe, é a cruel morte de um ser humano e não há plebiscito que mude isto.

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Nossa campanha pela vida e pela decência fez Dilma cair nas pesquisas e se desesperar. continuemos, firmes, até o domingo, dia 3 de outubro! Que Santa Gianna Beretta Molla rogue pela nossa nação e que Deus seja amado e honrado nesta Terra de Santa Cruz!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

SENADOR MAGNO MALTA E A CPI DA PEDOFILIA


A OAB seccional de Alagoas abriu processo junto à corregedoria do Senado federal contra abuso de autoridade do senador Magno Malta, pastor protestante, membro da Igreja Assembléia de Deus, que se apresentou à imprensa e a sociedade alagoana como o mais puro dos homens e investido até com a autoridade divina para punir com humilhação pública padres católicos. Impediu o acesso dos advogados no auditório onde fez as audições, coagiu com ameaças os investigados e outras testemunhas, além de tornar pública uma investigação que era sigilosa, sob o pretexto de averiguar se as leis penais e processuais penais estavam sendo respeitadas pelos agentes públicos envolvidos.


O foco da imprensa fitou de tal forma no caso, que obscureceu alguns fatos deploráveis que mancham a vida do senador dito égide da moralidade pública. Em agosto de 2006, foi aberto um processo contra Magno Malta sob a acusação de que recebera um carro da empresa Planam – empresa que fornecia ambulâncias superfaturadas às prefeituras, com emendas parlamentares do empresário Luiz Antônio Vedoin – para viajar com sua banda gospel “Tempero do Mundo” em troca da promessa de apresentar uma emenda no valor de R$ 1 milhão a favor da Planam. Em depoimento ao Conselho de Ética, Darci Vedoin, pai de Luiz Antônio, confirmou ter encontrado o senador para discutir o assunto. Naquele período, o segundo suplente do senador, Nilis Castberg, “assessorava” secretamente o conselho de ética, depois que veio a tona abandonou o cargo para virar secretário de Defesa Social do município de São Mateus (ES), cargo que apareceu miraculosamente.

Na quinta-feira dia 09 de julho de 2009, a administração do senado investigou um ato de improbidade do senador, pois usando os recursos públicos foi com um assessor, José Augusto Santana, para a Índia a fim de participar de um evento contra a pornografia infantil, porém resolveram descansar um pouco em Dubai (Emirados Árabes), segundo reportagem do jornal “Correio Braziliense”. Passaram quatro dias de folga, num hotel de luxo, numa viagem oficial autorizada apenas para a Índia, em dezembro. Conseguiram autorização para receber diárias de 1 a 8 de dezembro no valor de R$ 7.200, para cada um sem compromissos oficiais. O assessor de Malta gastou R$ 4.000,00 em ligações com telefone celular corporativo ao longo da viagem entre a Índia e os Emirados Árabes, inclusive no período em que esteve em Dubai.

Além desta mancha não explicada pelo Senador, outro questionamento é pertinente: Por que o mesmo alarde e show pirotécnico realizados pelo senador Malta, com os padres católicos, não foram usados nos casos de pedofilia em relação aos pastores pedófilos?

O caso do pastor Carlos Roberto Batista, de 28 anos, da Igreja Pentecostal "Brasil Para Cristo", preso em flagrante delito por policiais num Fiat Siena, na esquina da Rua Martino Rota com a Rua Daniel Berger, em São Paulo. Na ocasião um adolescente de 14 anos, que estava agachado no colo de Carlos Roberto. Ao ser indagado pelos policiais sobre o que estava ocorrendo, o adolescente disse que estava fazendo sexo oral em Carlos, pois este o havia abordado e, intimando-o com uma faca, obrigando-o a entrar no carro e praticar os atos libidinosos. O pastor negou tal versão, mas a faca foi encontrada no carro e havia esperma na roupa do garoto.

O caso do pastor Antônio Hilário Filho, 53, preso em Marcelândia, a 253 km de Cuiabá, acusado de abusar de pelo menos sete garotos de 13 a 15 anos, a informação é do portal G1.

O caso do Pastor José Leonardo Sardinha da Igreja Assembléia de Deus, Ministério Plenitude, que em 2006, abusou de uma moça de 14 anos. Ela estava apaixonada pelo filho do pastor, como o rapaz não se interessava pela garota, o Pastor abordou-a dizendo que recebera uma mensagem divina: se ela oferecesse um sacrifício, teria o favor divino. O sacrifício seria ter relações sexuais com ele por três vezes. A garota ficou frustrada, pois seu sacrifício não despertou o interesse do rapaz. O Pastor foi condenado por estupro e atentado violento ao pudor.

O caso ocorrido no dia 22 de março de 2001, em Salvador. Depois de abusar sexualmente de Lucas, um garoto de 14 anos, o pastor Sílvio Roberto Santos Galiza, 26, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), colocou-o dentro de um caixote de madeira e pôs fogo. O menino foi queimado vivo. O crime ocorreu por ciúmes, pois Lucas começou a namorar uma moça, o que desagradou o pastor. O “bispo” Fernando Aparecido da Silva e o pastor Joel Miranda também foram acusados pelo assassinato. O Pastor foi condenado por abuso sexual e assassinato.

O caso do pastor Laércio Eugênio, 53, da Igreja Assembléia de Deus, em Livramento (RS), abusou sexualmente e engravidou uma menor, de 14 anos, que trabalhava em sua casa. Ele revelou durante inquérito que estava alegre com a gravidez da menina.

O caso (mais um) do pastor Ricardo Luiz Duarte, de 43 anos, foi preso no dia 26 de julho de 2006, após ser surpreendido pelo pai de uma menina de seis anos, que estava sem calcinha sendo abusada sexualmente pelo pastor, em sua casa, no bairro Portão do Rosa, em São Gonçalo. Ricardo, que é da Igreja Assembléia de Deus daquele bairro, fugiu, mas foi localizado escondido no quintal de casa, perto da residência dele, por policiais militares que foram chamados pelo pai da criança.

O caso (outro) do pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, José Vicente dos Santos, conhecido como “Márcio”, de 50 anos, morador de Ilhéus, que esteve preso há mais de 50 dias na cadeia pública de Santa Cruz da Vitória. Ele foi preso após ser flagrado com uma menina de 13 anos, no interior do seu veículo, chegando de Itabuna. Segundo a polícia, o pastor estaria voltando de um motel com a menina. A outra vítima do pastor, que está grávida dele, mora ao lado da menor.

Segundo o delegado Francesco Santana, a polícia teve conhecimento do fato através de uma denúncia do diretor da escola onde a menor estuda. De acordo com as informações, ela vinha faltando a muitas aulas por conta dos encontros secretos com o pastor. O pedófilo foi solto através de um alvará de soltura expedido pela comarca local.

E o caso do casal de pastores evangélicos (casados?? Ué, a pedofilia não era por causa do celibato??) preso pela Polícia Federal no dia 04 de setembro de 2006, na cidade de Paranaguá (98 km de Curitiba), acusado de pedofilia. O pastor Francisco Vicente Corrêa Filho, 57, é acusado de estuprar pelo menos dez meninas, com idades entre 10 anos e 13 anos. A mulher dele, Elizabeth Graff, 41, é apontada pela PF como colaboradora dos crimes e aliciadora das meninas.

A resposta para a indagação só pode ser uma: interesse político. Os eleitores do senador são os evangélicos e perseguindo tais casos ele perderia seus votos. Não queremos a absolvição dos padres pedófilos, a justiça deve ser feita e aplicada também aos outros cidadãos que cometem o mesmo crime (pastores; pais de família – estes representam a maioria dos casos e nem por isso se faz uma campanha para as crianças ficarem longe de seus pais, ou a de associar pedofilia à paternidade – médicos, turistas e outros). Repudiamos e condenamos o procedimento do ato público que infringiu vários mandatos constitucionais e vilipendiou direitos fundamentais da pessoa humana.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

OS SACERDOTES QUE ABUSARAM DE MIM

Segue a livre tradução de um texto bastante forte sobre as tremendas experiências que uma pessoa teve com alguns sacerdotes. Ouso dizer que esses formam parte da maioria. Cuidado com eles…

“Quanto era muito criança, sem ter consciência, sem liberdade, sem poder defender-me, um deles me fez filho de Deus, herdeiro da Vida Eterna, Templo do Espírito Santo e membro da Igreja, nunca poderei perdoar-lhe por ter-me feito tanto bem.

Outro insistiu em meus tenros anos em inculcar-me, violentando a minha vontade, o respeito pelo nome de Deus, a necessidade absoluta da oração diária, a obediência e a reverência aos meus pais, o amor pela minha pátria, e me ensinou a utopia de não mentir, não roubar, não falar mal dos outros, perdoar e todas essas coisas que nos fazem tão hipócritas e ridículos…

Outro apareceu mencionando que o Espírito Santo devia vir completar a obra começada no Batismo, que me fariam falta seus dons e seus frutos, que já era hora de que viesse em minha ajuda Aquele que me faria defender a Fé, como um soldado. Que ousadia falar em termos tão bélicos! Fez nessa época que eu cuidasse minha alma frente ao mundo, que fosse nobre, leal e honesto…

Outro abusou dando-me livros para ler, não lhe bastassem seus conselhos, que faziam colocar o olhar na eternidade e viver como estranho aqui na terra. Quem tirará agora da minha cabeça os quatro Evangelhos? As glórias de Maria? A imitação de Cristo? As Confissões? As Moradas? Etc. Quem será capaz de curar-me de todos esses tesouros que me marcaram para sempre?

Outro abusou da minha ignorância ensinando-me coisas que não sabia. Outro não falava, mas sua vida virtuosa me inclinava cada vez mais a imitá-lo. Houve alguns que se aproveitaram de mim em momentos inesperados e me corrigiram, me alentaram, e até rezaram por mim.

Outros, quando eu já estava em um círculo do qual não podia sair, insistiram com minha natureza caída e me incitaram a receber a Jesus Cristo em Corpo e Sangue, para resistir aos embates do inimigo, para fortalecer minha fraqueza e santificar-me cada dia mais. Embora, para aquele que leia esta denúncia, pareça que isso já é demasiado e que não seja possível, digo-lhe que os abusos seguiram aumentando, e tudo passou a coisas maiores. Cada vez que conhecia um sacerdote, se aproveitava de mim com renovados métodos, relíquias, santinhos, água benta, terços, bênçãos e orações de todo tipo, armavam um cerco com tremendos benefícios que chegaram ao limite do suportável.

Quero deixar clara esta injustiça cheia de perversidade, e que atendam a minha reclamação nesta denúncia, por que sei que alguns deles estarão esperando-me para seguir com essa iniqüidade, sentado num confessionário ou ao lado de minha cama quando estiver moribundo, e, ainda que desapareça, seguirão com sufrágios pela minha alma e súplicas de misericórdia.

Quero que se somem a minha voz todos aqueles que foram vítimas desses incidentes, e se sentiram ultrajados por estas pessoas, pois sei que a outros os uniram em matrimônio, a outros lhes descobriram a vocação, a outros até chegaram a ajudar-lhes materialmente ou guardaram com chave em seu coração, para sempre, segredos tremendos de suas misérias humanas.

Cuidemos seriamente para não termos trato com eles. Não demos a eles nossos dados. Não os olhemos nos olhos, não os consultemos absolutamente para nada. Não sigamos nenhum de seus passos, pois corremos o risco de um dia cair em suas armadilhas e salvar-nos eternamente”.

Autor: Gustavo Caro

sábado, 8 de maio de 2010

COMUNICADO

Estimados leitores, devido aos preparativos da Ordenação Sacerdotal, que será realizada no próximo dia 29, às 9h, no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campos-RJ, este blog estará desatualizado temporariamente. A qualquer momento novas postagens!  Desde já convido-vos a participardes da Celebração Eucarística na qual serão ordenados sacerdotes os diáconos: Alexandre R. Mothé, David J. Bastos de Souza, Fagner da S. Ribeiro, Giovanni F. Ribeiro, Lucas M. de Oliveira e Ramyro G. Armond.

terça-feira, 20 de abril de 2010

1800 JOVENS PARTICIPARAM DO CONGRESSO DIOCESANO DA JUVENTUDE




Com o tema "Bom mestre, o que devo fazer para ter em herança a vida eterna?" (Mc 10,17), o I Congresso Diocesano reuniu em Italva, no Centro de Evangelização Sagrado Coração de Jesus, 1.800 jovens da Diocese de Campos. No sábado, dia 17/04, aconteceu o Pré-Congresso com os representantes das Paróquias dos Setores Norte e Noroeste. Alessandro Garcia (Diocese de Petrópolis) ministrou os momentos de reflexão, e as lideranças receberam orientações pastorais a respeito do Setor Diocesano da Juventude e partilharam experiências e sugestões para uma melhor evangelização com a juventude.

No domingo, dia 18/04, o grande dia do Congresso, jovens de toda a Diocese de Campos se reuniram em Italva realizando um grande encontro que consolidou, na diversidade de carismas e espiritualidades,  a unidade da juventude diocesana. Diversos grupos, movimentos e pastorais ligados à juventude ali estavam presentes, e agora estão unidos pelo Setor Diocesano da Juventude. Deus abençoe este trabalho e os nossos jovens!

domingo, 18 de abril de 2010

CARDEAL ANGELO SODANO REPRESENTARÁ O PAPA NOS FUNERAIS NA POLÔNIA


Bento XVI nomeou como seu representante nos funerais do presidente da Polônia, Lech Kaczyński , o decano do colégio cardinalício, cardeal Angelo Sodano, que presidirá uma missa por todas as vítimas e outra pelo casal presidencial.

Os funerais de Kaczynski e sua esposa Maria, mortos no sábado passado em um desastre aéreo com outras 95 pessoas, serão realizados neste domingo na Basílica de Santa Maria de Cracóvia, segundo informou a Conferência Episcopal da Polônia.

Participarão da cerimônia vários cardeais e bispos poloneses e extrangeiros, além de personalidades, autoridades e chefes de Estado de todo o mundo, entre eles o rei da Espanha, Juan Carlos I, o presidente dos EUA, Barack Obama, e o primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi.

Os restos mortais do casal presidencial serão sepultados em uma cripta na catedral do Castelo de Wawel, onde jazem reis e outras grandes personalidades históricas da Polônia.

Para o episcopado, este “é um lugar digno para preservar a memória tanto vítimas do massacre de Katyn, que completa 70 anos, como do presidente polonês e de todas as pessoas mortas servindo ao seu país”.

O cardeal Sodano também presidirá a missa que será celebrada na praça Pilsudski de Varsóvia no sábado, dedicada à memória das vítimas do acidente, que se dirigiam a Smolensko para a cerimônia de 70 anos do massacre de Katyn.

Depois desta missa, às 18 horas, será realizada a cerimônia de despedida do casal presidencial, na catedral de São João, na capital polonesa.

Ali será celebrada uma missa de corpo presente, presidida pelo arcebsipo metropolitano de Varsóvia, Dom Kazimierz Nycz.

Após a missa, haverá uma vigília de oração até as 7 da manhã de domingo, quando serão transladados para a Cracóvia os restos mortais do presidente Kaczynski e sua esposa.

Em Cracóvia, após a missa na Basílica de Santa Maria, o cortejo fúnebre seguirá para a catedral de Wawel.

Os ataúdes serão finalmente depositados na cripta deste santuário, de grande importância para toda a Polônia. A liturgia será presidida pelo arcebispo de Cracóvia, cardeal Stanislaw Dziwisz.

“O desastre aéreo de Smolensko, ocorrido nas proximidades da floresta de Katyn e que comoveu nosso país, suscitou não apenas na Polônia como também para além das fronteiras nacionais, emoções profundas, sentimentos de solidariedade e amizade”, indica um comunicado dos bispos da Polônia.

“Esta solidariedade nos ajuda a seguir adiante, e, especialmente, às famílias das vítimas”, continua o texto.

Entre as vítimas do acidente está o bispo católico Tadeusz Ploski, o arcebispo ortodoxo Miron Chodakowski e o pastor militar evangélico Adam Pilsch, além de outros sete sacerdotes cujos funerais serão realizados nos próximos dias.

Por Zenit

sábado, 17 de abril de 2010

I CONGRESSO DIOCESANO DA JUVENTUDE


Acontecerá amanhã (domingo, 18/04) o I Congresso Diocesano da Juventude, promovido pelo Setor Juventude da Diocese de Campos, com caravanas provenientes de todas as paróquias da diocese. O tema do congresso: "Bom Mestre, o que devo fazer para ter de herança a vida eterna?" faz referência à passagem do Evangelho de Mateus 19, 16-22, quando Jesus é interrogado por um jovem sobre o que lhe é necessário fazer para alcançar a Vida Eterna. Jesus responde aquele jovem, e o moço ouvindo a resposta, "vende tudo o que tens e dá-os aos pobres" , saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens... Nesse congresso os jovens de nossa diocese estarão reunidos para fazer essa mesma pergunta ao nosso Bom Mestre, e certamente não sairão dali sem resposta, o Senhor responderá no coração de cada um. Ao contrário do jovem  que saiu triste depois da resposta do Senhor, esperamos no fim do congresso uma juventude mais entusiasmada e desejosa de obedecer e servir, com alegria, a Deus, nosso Senhor.

O Congresso acontecerá no Centro de Evangelização Sagrado Coração de Jesus, em Italva (RJ), das 8h às 18h. O pregador será Alessandro Garcia, da diocese de Petrópolis. O Congresso também contará com a presença das comunidades Canção Nova e Shalom, dos seminaristas da diocese, de alguns padres e de Dom Roberto, que celebrará a Santa Missa. Além disso, também haverá o lançamento do novo CD da cantora católica Aline Brasil, uma jovem,  filha de nossa diocese.

Parabenizo a dedicação e o excelente trabalho realizado pelos padres Fabiano Goulart e Gustavo, responsáveis pelo nosso Setor Juventude. O trabalho está apenas iniciando! Além do Congresso Diocesano e das formações para os agentes de grupos jovem, no dia 31 de outubro acontecerão os congressos regionais da juventude, um na Região Norte e o outro no Noroeste da diocese de Campos.

"Os Jovens não temem o sacrifício, mas, sim, uma vida sem sentido. São sensíveis à chamada de Cristo que os convida a segui-lo (...) devemos recordar-lhes que sua vocação é ser amigos de Cristo, discípulos, sentinelas do amanhã." (Bento XVI)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

AD MULTOS ANNOS, BEATÍSSIMO PADRE BENTO XVI!


No dia 16 de abril, celebramos o natalício de nosso “doce Cristo na Terra”, louvando a Deus pelo dom de sua piedosa vida inteiramente dedicada a Deus e à Santa Igreja Romana. Em seguida, no dia 19, imploramos a Deus sob a materna intercessão de Maria Santíssima e sob os auspícios de São Pedro e São Paulo pelo nosso Santo Padre, por ocasião de seu 5° aniversário de eleição para Cátedra de São Pedro Apóstolo.

Nestes dias jubilosos do aniversário natalício e pontifício de nosso Santíssimo Padre, sua augusta pessoa e seu sublime ministério petrino são atacados pelos inimigos da Santa Religião que querem a todo custo manchar sua honra e diminuir sua autoridade moral para enfraquecer ação evangelizadora da Igreja no mundo. Nesta ocasião, gostaria de partilhar uma pequena reflexão sobre o ministério petrino tão essencial para a Igreja e para o mundo, além de enaltecer aquele que o Senhor Deus constituiu Pastor Supremo de sua Igreja, Vigário de Cristo na Terra e timoneiro da barca de Pedro nestes tempos de mar bravio e tempestuoso para que nos guie ao Porto Seguro da Salvação que é Cristo Jesus.

“Tu es Petrus...” (Mt 16, 18ss). Com estas augustas palavras, Nosso Senhor Jesus Cristo confere o poder das chaves a Pedro, príncipe dos apóstolos, após tê-Lo reconhecido como o Messias, o Filho de Deus Vivo. Dessa maneira, São Pedro se torna a “pedra” sobre a qual será edificada a Igreja de Cristo. Sobre a proclamação de fé daquele humilde pescador se edificou uma instituição divina: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana com sua estrutura hierárquica. Desde Pedro até hoje, 265 homens, santos e pecadores, ocuparam a cátedra (cadeira) do bem-aventurado Pedro na certeza de “que as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16, 18), pois tem a garantia da assistência do Divino Espírito que concede o dom da infalibilidade, isto é, de não errar jamais quando ensina em assuntos de fé e moral.

Por isso, a Santa Igreja venera desde tempos imemoriáveis no dia 22 de fevereiro àquela cátedra na qual o sucessor de Pedro e Vigário de Cristo na Terra se assenta para ensinar a verdadeira doutrina que nos conduz à Vida Eterna. Assim, se expressou o Santíssimo Padre, Bento XVI, quando tomou posse de sua Igreja Catedral de São João de Latrão em Roma (07/05/2005): “O Bispo de Roma senta-se na Cátedra para dar testemunho de Cristo. É o símbolo da potestas docendi, aquele poder de ensinar que faz parte essencial do mandato de ligar e desligar conferido pelo Senhor a Pedro e, depois dele, aos Doze. Na Igreja, a Sagrada Escritura, cuja compreensão aumenta sob a inspiração do Espírito Santo, e o ministério da interpretação autêntica, conferido aos apóstolos, pertencem um ao outro de modo indissolúvel. [...] Este poder de ensinamento assusta muitos homens dentro e fora da Igreja. Perguntam-se se ela não ameaça a liberdade de consciência, se não é uma soberba em oposição à liberdade de pensamento. Não é assim. O poder conferido por Cristo a Pedro e aos seus sucessores é, em sentido absoluto, um mandato para servir. O poder de ensinar, na Igreja, obriga a um compromisso ao serviço da obediência à fé. O Papa não é um soberano absoluto, cujo pensar e querer são leis. Ao contrário: o ministério do Papa é garantia da obediência a Cristo e à Sua Palavra. Ele não deve proclamar as próprias ideias, mas vincular-se constantemente a si e a Igreja à obediência à Palavra de Deus, tanto perante todas as tentativas de adaptação e de adulteração, como diante de qualquer oportunismo”.

Como se percebe o poder do Papa na Igreja é um poder pleno, supremo, imediato e universal – como reza os sagrados cânones 331-333 do atual Código de Direito Canônico, mas não pode ser absoluto nem ilimitado, dado que está subordinado ao poder divino, que se expressa na Tradição, na Escritura Sagrada e nas definições promulgadas pelo Magistério Eclesiástico anterior (Denz. 3116).

Por isso, dentro de todos os títulos que o Santo Padre recebe o que melhor expressa esta verdade é aquele instituído pelo papa São Gregório Magno, no século VI: “Servus Servorum Dei”, ou seja, o servo dos servos de Deus. O Papa portanto é aquele que serve a Igreja em seu sagrado ministério petrino que é indispensável para manter inabalável na mesma fé os fiéis unidos pelo vínculo da unidade e da caridade. Nestes dias em que comemoramos o aniversário natalício e pontifício, rezemos pelo nosso Papa Bento, o “ doce Cristo na Terra” – como afirmava Santa Catarina de Siena, sustetemos sua augusta pessoa e seu sublime ministério petrino com nossas orações e sacrifícios cotidianos. Por que ele é – nas palavras do glorioso São Bernardo de Claraval dirigidas ao seu filho espiritual o Papa Eugenio III: “O grande sacerdote, o sumo pontífice. Sois o príncipe dos bispos, o herdeiro dos apóstolos; Abel por primado, Noé por Governo; no patriarcado, Abraão; na Ordem, Melquisedec; na dignidade, Aarão; na autoridade, Moisés; na justiça, Samuel; na potestade, Pedro; na unção Cristo. Sois aquele a quem foram dadas as chaves, a quem foram confiadas as ovelhas. Outros além de vós são também porteiros do Céu e pastores de rebanhos; mas esse duplo título é em vós tanto mais glorioso quanto recebestes como herança num sentido mais particular que todos os demais. Esses outros têm seus rebanhos, somente vós tendes um só rebanho, formado não apenas pelas ovelhas, mas também pelos pastores; sois o único pastor de todos. (De Consideratione, L. II, 8). [...] Por fim, considerai que deveis ser o modelo exemplar da justiça, o espelho da santidade, o exemplo da piedade, a testemunha da verdade, o defensor da fé, o mestre das nações, o guia dos cristãos, o amigo do esposo, o padrinho da esposa, o ordenador do clero, o pastor dos povos, o mestre dos ignorantes, o refúgio dos perseguidos, o defensor dos pobres, a esperança dos miseráveis, o tutor dos órfãos, o protetor das viúvas, o olho dos cegos, a língua dos mudos, o bastão dos velhos, o vingador dos crimes, o terror dos perversos, a glória dos bons, o cetro dos poderosos, o flagelo dos tiranos, o pai dos reis, o moderador das leis, o dispensador das normas, o sal da terra, a luz do mundo, o sacerdote do Altíssimo, o vigário de Cristo, o unguento do Senhor. (De Consideratione, L. IV 23).

Com toda certeza, podemos aplicar esta admoestação do santo abade de Claraval ao nosso Santo Padre Bento XVI, pois de sua cátedra romana, ele não cessa de ser: modelo de justiça ao corrigir “um equívoco histórico ao declarar desimpedido o uso da Liturgia Romana tradicional” (Oblatvs); espelho de santidade e exemplo de piedade ao nos recordar a primazia do amor-caridade, da adoração ao Santíssimo Sacramento, bem como de uma Divina Liturgia que é um autêntico culto agradável a Deus por sua sacralidade e beleza; testemunha da verdade e defensor da fé ao guardar com intrépida firmeza o depósito da fé contra o relativismo, o modernismo e todas as heresias que ameaçam a barca de Pedro; o mestre das nações ao ensinar as verdades de fé com clareza e objetividade... Enfim, o Santo Padre é o sacerdote do altíssimo, vigário de Cristo e unguento do Senhor. Por este imenso dom [o ministério petrino] confiado pelo próprio Senhor a Pedro e a seus sucessores, louvemos e agradeçamos a Deus, pois temos a certeza de que “as portas do inferno não prevalecerão” (Cf. Mt 16, 18ss). E, jamais nos esqueçamos de rezar pelo nosso amado pontífice, sustentá-lo com nossas orações para que continue a guiar a barca de Pedro com sabedoria, coragem e firmeza apostólica, promovendo uma autêntica reforma da Santa Igreja que expulse de uma vez por todas a “fumaça de Satanás” que penetrou na Igreja, como já denunciava seu predecessor S.S. Paulo VI (29/07/1972).

Oxalá os católicos se conscientizem da importância do ministério petrino na vida da Igreja e amem com pia veneração o nosso Santo Padre, sendo obediente aos seus ensinamentos.

Da nossa parte, acolha, Santo Padre, as nossas orações e nossa filial obediência, pois “A ti corremos, Angélico Pastor, / Em ti nós vemos o Doce Redentor! / A voz de Pedro na tua o mundo escuta, / Conforto e escudo de quem combate e luta. / Não vencerão as portas do inferno, / Mas a verdade, o doce amor fraterno. [...] Salve, Santo Padre, / Vivas tanto ou mais que Pedro! / Desça qual mel do rochedo / A bênção paternal” (Gounod. Marcha Pontifícia).

Viva o Santo Padre! Vida longa a Bento XVI! Ad multos annos!

Por Maycon Sanches

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL


O prefeito da Congregação para o Clero e arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal dom Cláudio Hummes, escreveu uma carta por ocasião do encerramento do Ano Sacerdotal, que teve início no dia 19 de junho de 2009 e termina no próximo dia 19 de junho.  Confira, abaixo, o texto na íntegra:

Roma, 12 de abril de 2010

Caros Presbíteros,

A Igreja sem dúvida está muito feliz com o Ano Sacerdotal e agradece ao Senhor por haver inspirado o Santo Padre a decidir sua realização. Todas as informações que chegam aqui a Roma sobre as numerosas e multíplices iniciativas programadas pelas Igrejas locais no mundo inteiro para realizar este ano especial constituem a prova de como foi bem recebido e - podemos dizer – correspondeu a um verdadeiro e profundo anseio dos presbíteros e de todo o povo de Deus. Estava na hora de dar uma atenção especial de reconhecimento e de empreendimento em favor do grande, laborioso e insubstituível presbitério e de cada presbítero da Igreja.

É verdade que alguns, mas proporcionalmente muito poucos, presbíteros cometeram horríveis e gravíssimos delitos de abuso sexual contra menores, fatos que devemos rejeitar e condenar de modo absoluto e intransigente. Devem eles responder diante de Deus e diante dos tribunais, também civis. Mas estamos antes de mais nada do lado das vítimas e queremos dar-lhes apoio tanto na recuperação como em seus direitos ofendidos.

Por outro lado, os delitos de alguns não podem absolutamente ser usados para manchar o inteiro corpo eclesial dos presbíteros. Quem o faz, comete uma clamorosa injustiça. A Igreja, neste Ano Sacerdotal, procura dizer isto à sociedade humana. Qualquer pessoa de bom senso e boa vontade o entende.

Dito necessariamente isso, voltamos a vós, caros presbíteros. Queremos dizer-vos, mais uma vez, que reconhecemos o que sois e o que fazeis na Igreja e na sociedade. A Igreja vos ama, vos admira e vos respeita. Sois também alegria para nossa gente católica no mundo, que vos acolhe e apoia, principalmente nestes tempos de sofrimentos.

Daqui a dois meses chegaremos ao encerramento do Ano Sacerdotal. O Papa, caros sacerdotes, convida-vos de coração a vir de todo o mundo a Roma para este encerramento nos dias 9, 10 e 11 de junho próximo. De todos os países do mundo. Dos países mais próximos de Roma dever-se-ia poder esperar milhares e milhares, não é verdade? Então, não recuseis o convite premuroso e cordial do Santo Padre. Vinde e Deus vos abençoará. O Papa quer confirmar os presbíteros da Igreja. A vossa presença numerosa na Praça de São Pedro constituirá também uma forma propositiva e responsável de os presbíteros se apresentarem, prontos e não intimidados, para o serviço à humanidade, que lhes foi confiado por Jesus Cristo. A vossa visibilidade na praça, diante do mundo hodierno, será uma proclamação do vosso envio não para condenar o mundo, mas para salvá-lo (cfr. Jo 3,17 e 12,47). Em tal contexto, também o grande número terá um significado especial.

Para essa presença numerosa dos presbíteros no encerramento do Ano Sacerdotal, em Roma, há ainda um motivo particular, que a Igreja hoje tem muito a peito. Trata-se de oferecer ao amado Papa Bento XVI nossa solidariedade, nosso apoio, nossa confiança e nossa comunhão incondicional, diante dos frequentes ataques que lhe são dirigidos, no momento atual, no âmbito de suas decisões referentes aos clérigos incursos nos delitos de abuso sexual contra menores. As acusações contra o Papa são evidentemente injustas e foi demonstrado que ninguém fez tanto quanto Bento XVI para condenar e combater corretamente tais crimes. Então, a presença massiva dos presbíteros na praça com Ele será un sinal forte da nossa decidida rejeição dos ataques de que è vítima. Portanto, vinde também para apoiar o Santo Padre.

O encerramento do Ano Sacerdotal não constituirá propriamente um encerramento, mas um novo início. Nós, o povo de Deus e os pastores, queremos agradecer a Deus por este período privilegiado de oração e de reflexão sobre o sacerdócio. Ao mesmo tempo, propomo-nos de estar sempre atentos ao que o Espírito Santo quer nos dizer. Entretano, voltaremos ao serviço de nossa missão na Igreja e no mundo com alegria renovada e com a convicção de que Deus, o Senhor da história, fica conosco, seja nas crises seja nos novos tempos.

A Virgem Maria, Mãe e Rainha dos sacerdotes, interceda por nós e nos inspire no seguimento de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Cardeal Cláudio Hummes

Arcebispo Emérito de São Paulo

Prefeito da Congregação para o Clero

terça-feira, 13 de abril de 2010

PAPA ENVIA AJUDA ÀS VITIMAS DOS DESLIZAMENTOS NO RIO DE JANEIRO




Através do Pontifício Conselho "Cor Unum", o Papa Bento XVI enfatizou sua solidariedade às vítimas das chuvas e deslizamentos no Rio de Janeiro, enviando uma doação em dinheiro ao arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, por intermédio da Nunciatura Apostólica no Brasil, uma doação de US$ 50.000,00, segundo informou a assessoria de imprensa da arquidiocese.

A ajuda é destinada "àqueles que foram atingidos pelos deslizamentos provocados pela chuva torrencial que devastou algumas favelas na cidade do Rio de Janeiro".

Dom Orani recebeu a comunicação do desejo do Santo Padre através de carta do cardeal Cordes, presidente do "Cor Unum". Bento XVI, com esse gesto, "quer estar perto das famílias que estão sofrendo e também perto de todos que generosamente estão trabalhando na operação de emergência".

Em decorrência das chuvas, das ocupações irregulares e dos deslizamentos de terra que açoitaram o Estado do Rio de Janeiro nos últimos dias, morreram 231 pessoas. A cidade com maior número de mortos é Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, com 146 mortes e 43 feridos. No morro do Bumba, 36 corpos já foram retirados das toneladas de lixo que desabaram sobre dezenas de casas, na noite da última quarta-feira.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

PADRE CANTALAMESSA NÃO QUIS OFENDER OS JUDEUS



O pregador do Papa, padre Raniero Cantalamessa, não teve a intenção de ofender a sensibilidade dos judeus em sua pregação de Sexta-feira Santa na Basílica Vaticana, e se o fez, pede humildemente por perdão.

O frade capuchinho, durante a celebração da Paixão do Senhor, na presença de Bento XVI, citou um trecho de uma carta recebida de um amigo judeu. Na carta, o autor afirmava reconhecer na recente onda de ataques por parte da mídia ao Papa e à Igreja alguns dos “aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo”.

Na sequência, alguns veículos de comunicação apresentaram a pregação do padre Cantalamessa com o título “Contra o Papa e a Igreja, uma campanha de ódio como o anti-semitismo”, suscitando assim duras críticas por parte de representantes da comunidade judaica.

Em resposta a estas declarações, padre Cantalamessa afirmou: “Se, contrariamente às minhas intenções, ofendi a sensibilidade dos judeus e das vítimas de pedofilia, lamento sinceramente e peço desculpas, reafirmando minha solidariedade para com ambos”.

“Uma coisa devo esclarecer” – acrescentou o pregador da Casa Pontifícia - : “o Papa não apenas não inspirou minhas palavras, como ainda, juntamente aos que o acompanhavam, as ouviu pela primeira vez durante a liturgia em São Pedro. Ninguém no Vaticano jamais requisitou ler antecipadamente um texto meu, algo que considero um forte sinal de confiança em mim e nos veículos de comunicação”.
O frade capuchinho explicou ao Corriere della Sera as verdadeiras intenções de sua citação: “Neste ano a Páscoa judaica ocorre na mesma semana da Páscoa cristã. Isto fez nascer em mim, ainda antes de receber a carta de meu amigo judeu, o desejo de fazer chegar até eles uma saudação por parte dos cristãos”.

“Inseri o trecho da carta que recebi de meu amigo judeu porque me pareceu um testemunho de solidariedade (...) minha intenção era, portanto, amistosa, e de nenhuma forma hostil”.

“O autor da carta, um italiano muito ligado à sua religião, me autorizou em sua carta a também mencionar seu nome. Entretanto, julguei oportuno não envolve-lo, decisão que ainda mantenho”, disse depois.

Na Sexta-feira Santa, após a pregação, o diretor da Sala de Imprensa vaticana, padre Federico Lombardi S.J., precisou que “associar os ataques ao Papa pelos escândalos de pedofilia ao anti-semitismo não é a linha seguida pela Santa Sé”.

“Padre Cantalamessa” – prosseguiu o porta-voz – “quis apenas destacar a solidariedade para com o Pontífice por parte de um judeu, à luz da particular experiência de dor infligida a seu povo. Mas foi uma citação que poderia dar margem a mal-entendidos”, concluiu.


Por Zenit

sábado, 10 de abril de 2010

EM DEFESA DE BENTO XVI

Há algum tempo, nós católicos estamos percebendo uma verdadeira campanha, bastante orquestrada por sinal, para desacreditar a Igreja e, de forma especial, aquele Pastor que Deus lhe deu, o Santo Padre, o Papa Bento XVI.

As razões para esta campanha difamatória são bastante compreensíveis. Já antes de ser eleito Papa, Joseph Ratzinguer era conhecido como o “Panzer” alemão da Igreja Católica, ocupando o difícil e incômodo cargo de Prefeito da Congregação para a Defesa da Fé, Dicastério da Cúria romana responsável em “promover e em tutelar a doutrina da fé e dos costumes em todo o orbe católico” (Constituição Apostólica “Pastor Bonus”, do Santo Padre o Papa João Paulo II, n. 48). Assim, durante muitos anos à frente desta importante Congregação, o atual Papa, no cumprimento de seu dever, granjeou a fama de “homem duro”, insensível e implacável. Sua eleição para o Papado provocou pruridos de contestação dentro e fora da Igreja.

Já como Papa, Bento XVI provou que a fama de insensibilidade ou de possível dureza frente a problemas e situações não lhe é aplicada com justiça. É um homem afável, simples, compreensivo e muito santo.

O atual Papa é, antes de tudo, homem de Deus e homem da Igreja. Sabe separar o pecado do pecador. Sabe dizer as verdades com a suavidade da caridade. Sabe, em sua alta missão pastoral, ensinar, corrigir, admoestar e mesmo castigar quando isto se faz necessário.

Mas Bento XVI, aos olhos do mundo extremamente paganizado, tem um defeito mortal: é o homem da coerência, que não “vende” as verdades da fé, da moral, da disciplina cristãs a preço de bananas. Ou seja, não transige na questão dos princípios. É um homem de única peça, que não teme o que os outros pensam ou dizem de sua ação pastoral à frente da Igreja. Conseqüentemente, é alguém que incomoda, alguém que enfrenta os diversos “lobbys” que hoje pretendem impor suas visões relativistas e subjetivistas. Bento XVI, com sua autoridade moral de teólogo e de humanista ganhou o ódio daqueles que defendem, por exemplo, a liberalização do aborto, das uniões homossexuais, da eutanásia, etc. Estes movimentos tem suas forças mobilizadoras, que influem poderosamente na opinião pública. Para estes grupos, sempre bem organizados, a Igreja deveria mudar seu ensinamento, “adocicar” sua Doutrina, especialmente em relação à moral. Assim a questão escandalosa e vergonhosa dos casos constatados de pedofilia entre uns poucos eclesiásticos foi como servir “um prato cheio” a estes grupos de pressão. Não é a Igreja o paradigma da moralidade? E como pode permitir no seu interior tais escândalos? Melhor ainda seria encontrar um único caso em que, de alguma maneira, direta ou indiretamente, o Santo Padre pudesse estar envolvido... Sabe-se de um jornal da Alemanha que oferece milhões de euros para quem apresentar algum caso contundente, que envolva a pessoa de Bento XVI.

Nós católicos, com a nossa Igreja e com o nosso Pastor Supremo, vamos sulcando estes mares atribulados. A tempestade parece não ter fim. Possivelmente, ainda outros escândalos serão trazidos à luz.

Cabe-nos, a meu ver, algumas atitudes de fundo.

Primeiramente, o reconhecimento do mal que alguns pastores da Igreja ou membros de Institutos religiosos produziram, com estas atitudes irresponsáveis e doentias. O pan sexualismo que atingiu nosso mundo, depois dos anos sessenta, é sem dúvida, um dos responsáveis por todo este problema que hoje afeta e aflige a Igreja. Desleixou-se muito na seleção de candidatos e na formação afetiva oferecida em muitos seminários e casas de formação. Nossas crianças e nossos jovens tem o direito de encontrar na Igreja um ambiente sadio, onde se ensine a verdade sobre a sexualidade, na obediência amorosa às leis de Deus.

Em segundo lugar, é preciso olhar para o futuro, e preparar bem nossos futuros padres e religiosos, fazendo-os compreender que a vocação ao ministério ou à vida religiosa é um chamado de Deus à santidade e à coerência de vida. Não há lugar nos quadros hierárquicos da Igreja e na vida religiosa para quem não é capaz de amar de forma sadia, segundo o amor do Coração de Jesus.

Em terceiro lugar, é preciso rezar muito pela Igreja e pelo Santo Padre, o Papa, bem como pelos bispos, padres e religiosos em geral. Mas, de forma muito especial, neste momento difícil da História da Igreja, é preciso estar sempre particularmente unidos ao Papa, que sofre pressões inimagináveis. Não podemos abandoná-lo nesta hora, e assim como em relação a Pedro que “estava encerrado na prisão, mas a Igreja orava sem cessar por ele, a Deus” (Atos, 12,5), nós também não podemos abandonar o Papa, e devemos rezar muito por ele.

Como já expressei em outra oportunidade, a Igreja vive um momento de purificação. E purificação é Graça de Deus, redunda sempre em renovação. Folhas secas e frutos apodrecidos cairão por terra. Sobrarão folhas e frutos verdejantes.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A IGREJA É CONTIGO, DOCE CRISTO NA TERRA!


A liturgia da Igreja convida-nos a uma santa alegria. Mesmo se cai a chuva nesta histórica praça, o sol resplandece nos nossos corações. Nós nos unimos a Vossa Santidade, rocha indefectível da santa Igreja de Cristo. A Vossa Santidade somos profundamente gratos por sua fortaleza de ânimo e pela coragem apostólica. Nós admiramos o seu grande amor e o modo como, com coração de pai, faz suas as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens, atualmente sobretudo dos pobres e dos sofredores.

Hoje, através de mim, toda a Igreja deseja augurar-lhe boa Páscoa. A Igreja está com Vossa Santidade, os cardeais, os seus colaboradores da Cúria romana, os irmãos bispos espalhados pelo mundo.

Particularmente com Vossa Santidade nestes dias estão os 400 mil sacerdotes que servem o Povo de Deus nas paróquias, nos oratórios, nas escolas, nos hospitais, nas forças armadas e nos numerosos outros ambientes, como também nas missões nas mais remotas partes do mundo.

Com Vossa Santidade está todo o Povo de Deus, que não se deixa impressionar por mexericos do momento e pelas provas que de vez em quando atingem a comunidade dos crentes.

Jesus havia dito: “No mundo tereis tribulações; mas tende coragem: eu venci o mundo!”

Padre Santo, nós procuraremos guardar suas palavras nesta Solenidade pascal e rezaremos por Vossa Santidade, para que o Senhor continue a sustentá-lo na sua missão a serviço da Igreja e do próprio mundo!

Feliz Páscoa, Padre Santo! A Igreja é contigo, doce Cristo na terra!

Palavras do Cardeal Angelo Sodano dirigidas ao Santo Padre, o Papa Bento XVI, no Domingo de Páscoa de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

JUDAS


A gloriosa ressurreição de Jesus Cristo foi a sua vitória sobre o pecado, a morte e a aparente derrota da Cruz. Choramos a sua Paixão e nos alegramos com a sua ressurreição.

A Igreja, fundada por Jesus, é o seu corpo místico. Assim como Jesus, é  divina e humana. Divina na sua doutrina, na graça que possui e na assistência contínua do seu Divino Fundador. Humana nos seus membros, nós, fracos e pecadores. Por isso dizemos que a Igreja é santa e penitente. Como expressou o Papa Pio XII: "Sem mancha alguma, brilha a Santa Madre Igreja nos sacramentos com que gera e sustenta os filhos; na fé que sempre conservou e conserva incontaminada; nas leis santíssimas que a todos impõe, nos conselhos evangélicos que dá; nos dons e graças celestes, pelos quais com inexaurível fecundidade produz legiões de mártires, virgens e confessores. Nem é sua culpa se alguns de seus membros sofrem de chagas ou doenças; por eles ora a Deus todos os dias: 'Perdoai-nos as nossas dívidas' e incessantemente com fortaleza e ternura materna trabalha pela sua cura espiritual." (Mystici Corporis). 

Na Paixão de Jesus, aparece a figura de Judas Iscariotes, o traidor, figura e precursor de todos os traidores da história. Judas foi um Apóstolo escolhido por Jesus, tendo vivido três anos em sua companhia e dos outros dicípulos, imcubido por Jesus da missão de evangelizar. Mas foi infiel e, por dinheiro, entregou Jesus aos inimigos. E ninguém pode acusar Jesus misericordioso de conivente e omisso por ter tolerado Judas tanto tempo em sua companhia.

"Judas" são todos aqueles que traem sua missão. Foi assim que o Santo Padre, o Papa Bento XVI escreveu, em sua carta pastoral ao povo da Irlanda, referindo-se aos sacerdotes e religiosos que abusaram dos jovens: "Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus onipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sacerdotes violastes a santidade do sacramento do sacramento da Ordem, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas ações. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrando um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa. Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão e à graça da verdadeira emenda. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas ações. O sacrificio redentor de Cristo tem o poder  de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus."

Por Dom Fernando Arêas Rifan

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O MISTÉRIO PASCAL



A Santa Mãe Igreja com sua sabedoria bimilenar prepara todos os anos seus filhos para viver intensamente o grande mistério de nossa Redenção, a Páscoa de seu Senhor e Salvador Jesus Cristo e, por consequência, a páscoa de todos os seus membros que somos nós batizados em nome da Trindade Santa. Por meio do jejum, da esmola e da oração durante a Sagrada Quaresma e da participação ativa e consciente nas celebrações da Semana Santa, no qual celebramos e revivemos os derradeiros dias de Cristo e todo o drama do Calvário, somos convidados a meditar a magnitude da Páscoa na vida do cristão, pois como afirma o apóstolo: “se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e vã a nossa fé” (Cf. 1Cor 15, 14).

Assim, “a ressurreição de Cristo – nos ensina o Catecismo da Igreja Católica – é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento e do próprio Jesus durante sua vida terrestre. [...] Por isso, a páscoa não é simplesmente uma festa entre as outras: é a ‘festa das festas’, ‘solenidade das solenidades’, como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento). Sto. Atanásio a denomina ‘o grande domingo’ como a semana santa é chamada no Oriente ‘a grande semana’. O mistério da ressurreição, no qual Cristo esmagou a morte, penetra nosso velho tempo com sua poderosa energia até que tudo lhe seja submetido. [...] O ano litúrgico é o desdobramento dos diversos aspectos do único mistério pascal. Isto vale particularmente para o ciclo de festas em torno do mistério da encarnação (Anunciação, Natal, Epifania) que comemoram o começo de nossa salvação e nos comunicam as primícias do Mistério da Páscoa” (CIC § 652; 1169; 1171).

Devido a esta centralidade do mistério Pascal é que a Igreja estende o Tempo Pascal do domingo de Páscoa até Pentecostes, inclusive. A ressurreição de cristo foi princípio de renovação e vida nova para todos os homens, bem como para todo o universo: uma verdadeira primavera espiritual. Os cinquentas dias do Tempo Pascal são marcados pelo júbilo profundo dos nossos corações, que é a fé na ressurreição triunfante do Salvador e fidelidade sempre renovada ao nosso batismo, no qual somos co-ressuscitados com Cristo para uma vida nova, na alegria de sermos cristãos.

Este Cristo Ressuscitado, do qual Maria Madalena e outras mulheres dão testemunho e anunciam (Cf. Mt 28, 1-10), continua vivo, presente e atuante na Igreja e no mundo como testemunha o círio pascal – aquela imensa vela acesa na noite de Páscoa e que permanece luminosa até Pentecostes – como sinal da presença de Cristo, Luz do mundo, entre os seus. Desse modo em cada domingo deste período, a liturgia celebra um aspecto desta presença salvífica de Cristo Ressuscitado: a misericórdia de Cristo, no 2º domingo da Páscoa; a sua presença na Eucaristia, no 3º domingo; o Bom Pastor que continua a pastorear o rebanho por meio dos ministros ordenados (o Papa, os bispos e os padres), como ressalta a liturgia do 4º domingo da Páscoa; a caridade fraterna que une os membros da Igreja e dá testemunho de Cristo Ressuscitado, no 5º domingo; a promessa do Espírito Santo como princípio da vida pascal da Igreja e de todo cristão, no 6º domingo; sua ascensão aos céus onde está sentado à direita do Pai, no 7º domingo; e, finalmente, o envio do Espírito Santo no dia de Pentecostes que realiza a plenitude da páscoa de Cristo por meio da Igreja, sacramento universal de salvação.

Diante deste grandioso mistério de fé, a Santa Igreja canta o hino da vitória e proclama solenemente o Aleluia, revestida de branco e dourado, ornada de flores e cintilante com a luz do círio pascal aguardando o momento em que será arrebatada ao céu empíreo para junto de seu divinal Esposo, o Cordeiro Imaculado, em sua Páscoa definitiva (Cf. Ap21). Peçamos a Virgem Maria que nos faça fiéis ao seu Filho Jesus para que possamos participar das alegrias da Jerusalém Celeste onde o próprio Deus “enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição” (Cf. Ap 21, 4). Uma santa e abençoada Páscoa para todos, na certeza da vitória definitiva de Cristo sobre o pecado e a morte!

Por Maycon Sanches

quarta-feira, 31 de março de 2010

SERMÃO DAS SETE PALAVRAS


Nosso Senhor Jesus Cristo, após ser cravado na Santa Cruz para sofrer a Paixão a fim de nos salvar, proferiu sete Palavras que ficaram consignadas no coração da Igreja. Essas Palavras de Cristo na Cruz, objeto de meditação dos Santos Padres e Doutores, compõem um tesouro singular que o Senhor nos deixou no momento em que consumava o Mistério de nossa Redenção.

"Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem"

No auge do sofrimento, Cristo não perde a dimensão da fragilidade do ser humano e implora o perdão pra nossas culpas. Seu sangue derramado na cruz nos torna limpos para voltar à casa paterna. Em meio à humanidade devastada pelo pecado, em meio ao povo enganado que pedia a morte do Cordeiro inocente, Cristo tem compaixão e pede o perdão para aqueles que o condenam. Neste momento final, Cristo retoma o ensino que outrora tinha proferido: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mt 5,44). Dessa forma ele deixa claro a necessidade e a importância do perdão, necessidade essa consignada na oração que Ele mesmo ensinou a seus discípulos: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam” (Mt 6,12).

"Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso".

Quando Cristo profere a segunda Palavra na Cruz, observamos dois ladrões crucificados, um de cada lado. Nestes dois ladrões vemos a prefiguração de duas atitudes que podemos abraçar em nossa vida: a atitude do desespero em meio ao sofrimento, zombando da salvação e, por conseguinte do Salvador; e a atitude de reconhecimento e confissão do pecado, resignação em meio ao sofrimento presente, com vistas na esperança da glória futura. Que ensino grandioso recebemos de Nosso Senhor ao conceder ao penitente arrependido a Salvação eterna: hoje estarás comigo no paraíso! Com estas palavras salvíficas Jesus nos mostra que se nos arrependermos dos nossos pecados, O reconhecermos como nosso Salvador (cf. Jo 1,12) e O buscarmos diligentemente, sem dúvidas estaremos com Ele.

"Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!"

Na terceira Palavra de Cristo na Cruz, em meio a todo o sofrimento, Jesus mais uma vez, numa prova inequívoca de amor à humanidade, nos dá a graça de termos a Sua santa Mãe por nossa mãe! Esta Palavra nos revela fatos muito importantes, é uma prova de que Nossa Senhora não possuía outros filhos, pois caso contrário não poderia estar desamparada neste momento, revela-nos que era viúva de São José, que também não se encontrava ao seu lado. Outra revelação magnífica dessa Palavra é a necessidade de tão boa Mãe a nos acompanhar em nossa caminhada rumo ao Salvador, ora todos os atos de Nosso Senhor Jesus Cristo, são atos salvíficos, assim, sendo, ao nos dar Sua Mãe como nossa Mãe, Jesus Cristo visava a nossa salvação. João neste momento, o discípulo amado, era a prefiguração de cada um de nós. E o que ele fez ao receber tamanha graça? Imediatamente “o discípulo a levou para a sua casa”. Todo verdadeiro Cristão deve ter por Mãe Nossa Senhora, que insistentemente só tem um único pedido a nos fazer: “Fazei tudo o que Ele vos disser !” (Jo 2,5)

"Elói, Elói, lammá sabactáni? - Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?"

Nesta quarta Palavra, Cristo expressa a dor de carregar em seu corpo santo todo o pecado da humanidade, a fim de redimi-la. Ele levou sobre si os nossos pecados, as nossas dores e as nossas transgressões, de modo que se encontrava desfigurado. O Pai ao olhar o Filho não o reconhece, mas vê nele as nossas misérias, a podridão dos nossos pecados. O desviar do rosto do Pai que seria dado a nós, foi dado a Jesus naquela hora. Bendita solidão de Jesus, pois ali fomos redimidos e reconciliados com o Pai! Cumpre saber que Jesus estava sobrecarregado de todos os pecados do mundo inteiro e por isso, ainda que pessoalmente fosse o mais santo de todos os homens, tendo de satisfazer, por todos, os pecados deles, era tido pelo pior pecador do mundo e como tal fez-se réu de todos e ofereceu-se para pagar por todos. E porque nós merecíamos ser abandonados eternamente no inferno, no desespero eterno, quis ele ser abandonado ou entregue a uma morte privada de todo o alívio, para assim livrar-nos da morte eterna.

"Tenho Sede!"

Grande foi a sede corporal que Jesus sofreu na cruz, já pelo sangue derramado no horto, já no pretório pela flagelação e coroação de espinhos, e mais ainda na mesma cruz onde de suas mãos e pés cravados escorriam rios de sangue como quatro fontes naturais. Sua sede espiritual foi, porém, muito maior, isto é, o desejo ardente que tinha de salvar todos os homens e de sofrer ainda mais por nós em prova de seu amor, e está sede brota da fonte do amor. Essa Palavra de Jesus na Cruz nos remete ao momento em que Ele pede de beber à samaritana (cf. Jo 4,1-15) no poço de Jacó, como se pedisse a cada um de nós, a nossa vida, a nossa alma para lhe saciar a sede. Ele afirma para a samaritana que Ele é a água viva (cf. Jr 2,13), quem Dele beber não terá sede.

 "Tudo está consumado!"

Essa penúltima Palavra de Cristo na Cruz vem selar todas as profecias a seu respeito. Nestes momentos finais Cristo nos diz com essa Palavra que toda a vontade do Pai para nos salvar foi cumprida Nele e por Ele. Com essa Palavra Jesus nos ensina a perseverar em nossa fé até o fim. Confiando Nele (cf. Fl 4,13) não devemos jamais olhar para trás (cf. Gen 19,26; Lc 9,62), mas, seguir sempre em direção ao alvo (cf. Fl 3,14), à nossa meta: a salvação que nos é ofertada gratuitamente por Deus.

"Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!"

Consumada as Escrituras, Nosso Senhor Jesus Cristo livremente entrega o espírito ao Pai, realizando a redenção definitiva da humanidade. É a realização do sacrifício da Nova e Eterna Aliança. Com essa Palavra Jesus nos ensina a entregar-nos sempre, livre e totalmente ao Pai, que está sempre de braços abertos a nos esperar. Iluminados por essa Santa Palavra do Senhor possamos confiar-nos sempre a Ele, fazendo assim a vontade do Pai. O Rei Davi punha toda a sua esperança no futuro Redentor, dizendo: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito; pois vós me remistes, Senhor Deus da verdade” (Sl 39,6). Quanto mais nós devemos confiar em Jesus Cristo, que já realizou a nossa redenção! Digamos-lhe, pois, com grande confiança: “Vós me remistes, Senhor, por isso em vossas mãos encomendo o meu espírito!

terça-feira, 30 de março de 2010

INDIFERENÇA? NUNCA!


Mais uma Semana Santa a se comemorar.Trazemos, sobretudo em nossos corações, a recordação dos sagrados mistérios da paixão e morte de Jesus, a se contemplar no drama do Calvário.

Nesse momento tão forte para nossa espiritualidade cristã, injustificável qualquer atitude de apatia e frieza, perante o surpreendente amor de Deus para com cada um e cada uma de todos nós.É a razão pela qual, de fato, nos expressamos: Indiferença? Nunca!

Jamais se apaga de nossa lembrança a recordação do visual do presépio, com todo aquele aspecto de tamanha ternura do Menino Deus. E daquela meiga criança, de fascinante candura e inocência, não de qualquer criança, mas de um Deus feito homem, em seu infinito amor para com a humanidade.

E agora, na Semana Santa, tudo ao contrário: o mesmo Jesus de Belém, a nos ser apresentado como vítima, oferecida na morte crudelíssima da cruz, pelos pecados do mundo. Foi o pesado tributo pago pelo Divino Redentor, conforme as palavras do profeta Isaías, no mais impressionante realismo: “Tão desfigurado Ele estava, que não parecia um ser humano. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dor e sofrimento. Mas Ele foi ferido por causa de nossos pecados. Meu Servo, o Justo, justificará inúmeros homens, carregando sobre Si suas culpas. ( Jer 52)

Talvez por esse motivo, a razão do provérbio tantas vezes citado: “O justo paga pelos pecadores.”Com igual detalhe deprimente, também o profeta Isaías nos descreve: “Ofereci as costas para me baterem, e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetadas e cusparadas.”( Is 50,6)

Se nos sentimos consternados com os sofrimentos físicos do Divino Salvador, que dizermos, então, das agruras de seus sofrimentos morais, ao suportar grosseira ingratidão.

Assim, no desenrolar do iníquo e hediondo processo de julgamento, como golpe de inclemente punhalada em seu coração, o Bom Jesus teve de ouvir o clamor de ódio da multidão ali reunida: “Crucifica-o; crucifica-o” .

A poluição sonora de nossos dias, provoca um ambiente totalmente desfavorável ao recolhimento e à reflexão. Mas, sobretudo nos dias de Semana Santa, importa que nos esforcemos por nos concentrarmos numa reflexão mais profunda, sobre nossa responsabilidade pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, não nos omitindo na resposta de correspondência que se faz esperar, com o determinado propósito da mais sincera conversão do pecado para a vida de maior união com Deus.

Jesus Crucificado jamais se consideraria um fracasso. Ao contrário, foi a manifestação do amor máximo de Deus, em favor da humanidade pecadora.

Prevenindo-nos de qualquer indiferença perante o mistério do Calvário, reflitamos sobre as palavras do apóstolo São Paulo: “ Jesus humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou, e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Assim , ao nome de Jesus, todo joelho se dobre, e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor. ( Fl 2, 8-10)

Por Dom Roberto Gomes Guimarães

segunda-feira, 29 de março de 2010

CORDEIRO IMOLADO, REINA SOBRE NÓS!




    Durante as cinco semanas da Quaresma preparamos nossos corações pela oração, pela penitência e pela caridade. Ontem, Domingo de Ramos, celebramos a Paixão do Senhor, iniciando a Semana Santa, tempo forte para renovarmos a nossa adesão ao Cristo que, na liberdade de Filho, vai ao encontro da morte, e sua morte é redentora,  pois o Justo morreu pelos injustos (Cf. 1 Pe 3, 18),  Ele, o santo, se fez maldição por nós, e como ladrão foi condenado, unicamente para cumprir a vontade do Pai , sanar a culpa de Adão e  reconciliar a humanidade com Deus. 

   No Evangelho de Lucas 19, 28 -40, vemos Jesus que, para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, entrou em Jerusalém, montado num jumentinho, sendo aclamado pela multidão dos discípulos que o seguia e que louvava a Deus por todos os milagres que tinha visto. Essa mesma multidão que aclamava ao Senhor, proclamando-o rei, pouco depois, instigada pelos inimigos de Jesus, estava diante de Pilatos gritando "crucifica-o!".

   É preciso reconhecer e aclamar Jesus como nosso bendito Salvador e Rei a cada dia de nossas vidas, como a multidão que o acolheu em Jerusalém, afinal, também somos seus discípulos. Mas não podemos esquecer que "temos este tesouro em vasos de barro" (2Cor 4, 7) e que necessitamos estreitar cada vez mais nossa vida de intimidade com o Senhor, configurarmos nossas vidas às Sagradas páginas do Evangelho, para não nos deixarmos seduzir pelas inúmeras vozes que hoje gritam "Seja Crucificado!". Muitos são os inimigos de Cristo, os que querem  que Jesus morra, os que querem que Ele, o Rei das nossas vidas, seja extirpado da sociedade e da vida do povo, muitos são, em nosso meio, os "Herodes" que desprezam e zombam da presença Jesus.

   O grito do "Crucifica-o!" vem hoje com uma nova roupagem. Nem sempre se fala abertamente contra Cristo, temos que tomar cuidado, pois o lobo está vestido de cordeiro. A estratégia hoje é de apresentar um evangelho mais leve, onde não existe pecado , certo e errado, céu e inferno, o importante é "acreditar em Deus e fazer o Bem!"  Um evangelho que nos apresenta um Jesus "bonzinho" que  se adequa às nossas conveniências... Ou seja, uma fé que não exige de nós um compromisso mais sério com Deus, com a Igreja e com o próximo.  

   Estreitar a amizade com o Senhor e Configurar-se ao Cristo "Servo sofredor" neste mundo permissivo, hedonista e cada vez mais influênciado pelo paganismo, é viver de acordo com as palavras do Apóstolo Paulo: " Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo. Estando embora vivos, somos a toda hora entregues a morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus apareça em nossa carne mortal. Assim em nós opera a morte, e em vós a vida." (2 Cor 4, 10).

   O Senhor nos convida a sermos "Cireneus" nestes tempos tão dificeis em que estamos atravessando, a não negarmos a cruz, os sofrimentos, as humilhações e a morte de nós mesmos por amor ao Reino de Deus e para a salvação de tantas almas que o Senhor ama e deseja.  Acolhamos Jesus em nossas vidas com nossos ramos e "hosanas ao Filho de Davi", mas não o abandonemos na sua hora mais escura. Não tenhamos dúvidas de que o Sangue de Jesus cairá sobre os ramos que carregamos como sinal de nossa fidelidade e de nosso amor ao Senhor, e os fará florescer na árvore redentora da cruz. Subamos o Calvário junto do Senhor e entreguemo-nos a morte com Jesus e por causa de Jesus, para que outros recebam a Vida que brota da cruz!

   Aclamemos a Cristo, nosso Redentor e Rei, consagrando nossas vidas e a nossa nação ao seu Sagrado Coração, com as palavras da oração do Cardeal Leme,  por ocasião da inauguração do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1931:

“Senhor Jesus, Redentor nosso, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que sois para o mundo fonte de luz, de paz, de progresso e de felicidade, Salvador que nos remistes com o sacrifício de Vossa vida, eis a vossos pés representado o Brasil, a Terra de Santa Cruz, que se consagra solenemente a vosso Coração sacratíssimo e vos reconhece para sempre seu Rei e Senhor.

Vós escolhestes no céu brasileiro a vossa cruz, de onde jamais poderá ser apagada. O Rei e Senhor Jesus reina sobre nossa Pátria. Queremos que o Brasil viva e prospere sob os vossos olhares. Queremos que o vosso povo seja sempre iluminado pela verdade de vosso Evangelho.

"Reina, ó Cristo Rei!

"Reina, ó Cristo Redentor!

"Ser brasileiro significa crer em Jesus Cristo, amar a Jesus Cristo, e esta sagrada imagem seja o símbolo do vosso domínio, de vosso amparo, da vossa predileção, da vossa bênção que paira sobre o Brasil e sobre todos os brasileiros.

Amém".

ARQUIDIOCESE DO RIO DE JANEIRO NOTIFICA COLUMBIA PICTURES


   A Arquidiocese do Rio de Janeiro quer receber da Columbia Pictures uma idenização por uso indevido de imagens do Cristo Redentor, maior símbolo religioso do Brasil, de propriedade da Mitra Arquiepiscopal de São Sebastião do Rio de Janeiro, Em uma cena do filme "2012", do cineasta Roland Emmerich, onde o monumento é destruído por um maremoto, que prenuncia o fim do mundo. 

   Na pré-produção do filme, a Columbia consultou a Arquidiocese do Rio de Janeiro sobre a possibilidade de levar a imagem do Cristo Redentor às telas. Quando foi notificada de que o monumento seria destruído, a arquidiocese negou o pedido do estúdio cinematográfico, que mesmo assim optou por fazer uso da imagem.

   O estúdio norte-americano foi notificado em dezembro do ano passado, um mês após o lançamento do filme aqui no Brasil. A Arquidiocese do Rio deseja uma negociação com a Columbia para que não seja necessário entrar com uma ação judicial exigindo ressarcimento e espera que até abril a situação esteja resolvida. Nenhum valor ainda foi decidido, mas a indenização, por exigência da arquidiocese, terá que vir acompanhada de uma retratação pública.

sábado, 20 de março de 2010

PAPA PEDE ORAÇÕES PELA IGREJA NA IRLANDA


Em anexo à Carta do Papa aos Católicos na Irlanda está uma oração pela Igreja daquele país. O Papa recomenda às orações dos fiéis do mundo inteiro a Igreja da Irlanda:

ORAÇÃO PELA IGREJA NA IRLANDA
Deus dos nossos pais,
Renova-nos na fé que é para nós vida e salvação
na esperança que promete perdão e renovação interior,
na caridade que purifica e abre os nossos corações
para te amar, e em ti, amar todos os nossos irmãos e irmãs.

Senhor Jesus Cristo
possa a Igreja na Irlanda renovar o seu milenário compromisso
na formação dos nossos jovens no caminho da verdade,
da bondade, da santidade e do serviço generoso à sociedade.

Espírito Santo, consolador, advogado e guia,
inspira uma nova primavera de santidade e de zelo apostólico
para a Igreja na Irlanda.

Possa a nossa tristeza e as nossas lágrimas
o nosso esforço sincero por corrigir os erros do passado,
e o nosso firme propósito de correcção,
dar abundantes frutos de graça
para o aprofundamento da fé
nas nossas famílias, paróquias, escolas e associações,
e para o progresso espiritual da sociedade irlandesa,
e para o crescimento da caridade, da justiça, da alegria
e da paz, na inteira família humana.

A ti, Trindade,
com plena confiança na amorosa proteção de Maria,
Rainha da Irlanda, nossa Mãe,
e de São Patrício, de Santa Brígida e de todos os santos,
recomendamos a nós próprios, os nossos jovens,
e as necessidades da Igreja na Irlanda.

Amém.

CARTA DO PAPA BENTO XVI AOS CATÓLICOS NA IRLANDA SOBRE OS CASOS DE PEDOFILIA




1. Amados Irmãos e Irmãs da Igreja na Irlanda, é com grande preocupação que vos escrevo como Pastor da Igreja universal. Como vós, fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos. Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes actos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram.
Como sabeis, convidei recentemente os bispos irlandeses para um encontro aqui em Roma a fim de referir sobre o modo como trataram estas questões no passado e indicar os passos que empreenderam para responder a esta grave situação. Juntamente com alguns altos Prelados da Cúria Romana ouvi quanto tinham para dizer, quer individualmente quer em grupo, enquanto propunham uma análise dos erros cometidos e das lições aprendidads, e uma descrição dos programas e dos protocolos hoje existente. As nossas reflexões foram francas e construtivas. Alimento a confiança de que, como resultado, os bispos se encontrem agora numa posição mais forte para levar por diante a tarefa de reparar as injustiças do passado e para enfrentar as temáticas mais amplas relacionadas com o abuso dos menores segundo modalidades conformes com as exigências da justiça e com os ensinamentos do Evangelho.

2. Por meu lado, considerando a gravidade destas culpas e a resposta muitas vezes inadequada que lhes foi reservada da parte das autoridades eclesiásticas no vosso país,, decidi escrever esta Carta Pastoral para vos expressar a minha proximidade, e para vos propor um caminho de cura, de renovação e de reparação.

Na realidade, como muitos no vosso país revelaram, o problema do abuso dos menores não é específico nem da Irlanda nem da Igreja. Contudo a tarefa que agora tendes à vossa frente é enfrentar o problema dos abusos que se verificaram no âmbito da comunidade católica irlandesa e de o fazer com coragem e determinação. Ninguém pense que esta dolorosa situação se resolverá em pouco tempo. Foram dados passos em frente positivos, mas ainda resta muito para fazer. É preciso perseverança e oração, com grande confiança na força restabelecedora da graça de Deus.

Ao mesmo tempo, devo expressar também a minha convicção de que, para se recuperar desta dolorosa ferida, a Igreja na Irlanda deve em primeiro lugar reconhecer diante do Senhor e diante dos outros, os graves pecados cometidos contra jovens indefesos. Esta consciência, acompanhada de sincera dor pelo dano causado às vítimas e às suas famílias, deve levar a um esforço concentrado para garantir a protecção dos jovens em relação a semelhantes crimes no futuro.

Enquanto enfretais os desafios deste momento, peço-vos que vos recordeis da «rocha de que fostes talhados» (Is 51, 1). Reflecti sobre as contribuições generosas, com frequência heróicas, oferecidas à Igreja e à humanidade como tal pelas passadas gerações de homens e mulheres irlandeses, e deixai que isto gere impulso para um honesto auto-exame e um convicto programa de renovação eclesial e individual. A minha oração é por que, assistida pela intercessão dos seus muitos santos e purificada pela penitência, a Igreja na Irlanda supere a presente crise e volte a ser uma testemunha convincente da verdade e da bondade de Deus omnipotente, manifestadas no seu Filho Jesus Cristo.

3. Historicamente os católicos da Irlanda demonstraram-se uma grande força de bem quer na pátria quer fora. Monges célticos, como São Colombano, difundiram o Evangelho na Europa Ocidental lançando as bases da cultura monástica medieval. Os ideais de santidade, de caridade e de sabedoria transcendente que derivam da fé cristã, encontraram expressão na construção de igrejas e mosteiros e na instituição de escolas, bibliotecas e hospitais que consolidaram a identidade espiritual da Europa. Aqueles missionários irlandeses tiraram a sua força e inspiração da fé sólida, da guia forte e dos comportamentos morais rectos da Igreja na sua terra natal.

A partir do século XVI, os católicos na Irlanda sofreram um longo período de perseguição, durante o qual lutaram para manter viva a chama da fé em circunstâncias perigosas e difíceis. Santo Oliver Plunkett, o Arcebispo mártir de Armagh, é o exemplo mais famoso de uma multidão de corajosos filhos e filhas da Irlanda dispostos a dar a própria vida pela fidelidade ao Evangelho. Depois da Emancipação Católica, a Igreja teve a liberdade de crescer de novo. Famílias e inúmeras pessoas que tinham preservado a fé durante os tempos das provações tornaram-se a centelha de um grande renascimento do catolicismo irlandês no século XIX. A Igreja forneceu escolarização, sobretudo aos pobres, e isto deu uma grande contribuição à sociedade irlandesa. Um dos frutos das novas escolas católicas foi um aumento de vocações: gerações de sacerdotes, irmãs e irmãos missionários deixaram a pátria para servir em todos os continentes, sobretudo no mundo de língua inglesa. Foram admiráveis não só pela vastidão do seu número, mas também pela robustez da fé e pela solidez do seu empenho pastoral. Muitas dioceses, sobretudo em África, América e Austrália, beneficiaram da presença de clero e religiosos irlandeses que anunciaram o Evangelho e fundaram paróquias, escolas e universidades, clínicas e hospitais, que serviram tanto os católicos, como a sociedade em geral, com atenção especial às necessidades dos pobres.

Em quase todas as famílias da Irlanda houve alguém – um filho ou uma filha, uma tia ou um tio – que deu a própria vida à Igreja. Justamente as famílias irlandesas têm em grande estima e afecto os seus queridos, que ofereceram a própria vida a Cristo, partilhando o dom da fé com outros e actualizando-a num serviço amoroso a Deus e ao próximo.

4. Contudo, nos últimos decénios a Igreja no vosso país teve que se confrontar com novos e graves desafios à fé que surgiram da rápida transformação e secularização da sociedade irlandesa. Verificou-se uma mudança social muito rápida, que muitas vezes atingiu com efeitos hostis a tradicional adesão do povo ao ensinamento e aos valores católicos. Com frequência as práticas sacramentais e devocionais que sustentam a fé e a tornam capaz de crescer, como por exemplo a confissão frequente, a oração quotidiana e os ritos anuais, não foram atendidas. Determinante foi também neste período a tendência, até da parte de sacerdotes e religiosos, para adoptar modos de pensamento e de juízo das realidades seculares sem referência suficiente ao Evangelho. O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II por vezes foi mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de o realizar. Em particular, houve uma tendência, ditada por recta intenção mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canónicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens, que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos.

Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise actual é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os factores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canónicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa. É preciso agir com urgência para enfrentar estes factores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado.

5. Em diversas ocasiões desde a minha eleição para a Sé de Pedro, encontrei vítimas de abusos sexuais, assim como estou disponível a fazê-lo no futuro. Detive-me com elas, ouvi as suas vicissitudes, tomei nota do seu sofrimento, rezei com e por elas. Precedentemente no meu pontificado, na preocupação por enfrentar este tema, pedi aos Bispos da Irlanda, por ocasião da visita ad limina de 2006, que «estabelecessem a verdade de quanto aconteceu no passado, tomassem todas as medidas adequadas para evitar que se repita no futuro, garantissem que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, curassem as vítimas e quantos são atingidos por estes crimes abnormes» (Discurso aos Bispos da Irlanda, 28 de Outubro de 2006).

Com esta Carta, pretendo exortar todos vós, como povo de Deus na Irlanda, a reflectir sobre as feridas infligidas ao corpo de Cristo, sobre os remédios, por vezes dolorosos, necessários para as atar e curar, e sobre a necessidade de unidade, de caridade e de ajuda recíproca no longo processo de restabelecimento e de renovação eclesial. Dirijo-me agora a vós com palavras que me vêm do coração, e desejo falar a cada um de vós individualmente e a todos como irmãos e irmãs no Senhor.

6. Às vítimas de abuso e às suas famílias
Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia. Quantos de vós sofrestes abusos nos colégios deveis ter compreendido que não havia modo de evitar os vossos sofrimentos. É comprensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos. Ao mesmo tempo peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja. Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu. Contudo, as mesmas feridas de Cristo, transformadas pelos seus sofrimentos redentores, são os instrumentos graças aos quais o poder do mal é infrangido e nós renascemos para a vida e para a esperança. Creio firmemente no poder restabelecedor do seu amor sacrifical – também nas situações mais obscuras e sem esperança – que traz a libertação e a promessa de um novo início.

Dirigindo-me a vós como pastor, preocupado pelo bem de todos os filhos de Deus, peço-vos com humildade que reflictais sobre quanto vos disse. Rezo a fim de que, aproximando-vos de Cristo e participando na vida da sua Igreja – uma Igreja purificada pela penitência e renovada na caridade pastoral – possais redescobrir o amor infinito de Cristo por todos vós. Tenho confiança em que deste modo sereis capazes de encontrar reconciliação, profunda cura interior e paz.

7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

8. Aos pais

Ficastes profundamente transtornados ao tomar conhecimento das coisas terríveis que tiveram lugar naquele que deveria ter sido o ambiente mais seguro para todos. No mundo de hoje não é fácil construir um lar doméstico e educar os filhos. Eles merecem crescer num ambiente seguro, amados e queridos, com um forte sentido da sua identidade e do seu valor. Têm direito a ser educados nos valores morais autênticos, radicados na dignidade da pessoa humana, a serem inspirados pela verdade da nossa fé católica e a aprender modos de comportamento e de acção que os levem a uma sadia estima de si e à felicidade duradoura. Esta tarefa nobre e exigente está confiada em primeiro lugar a vós, seus pais. Exorto-vos a fazer a vossa parte para garantir a melhor cura possível dos jovens, quer em casa quer na sociedade em geral, enquanto que a Igreja, por seu lado, continua a pôr em prática as medidas adoptadas nos últimos anos para tutelar os jovens nos ambients paroquiais e educativos. Enquanto dais continuidade às vossas importantes responsabilidades, certifico-vos de que estou próximo de vós e que vos dou o apoio da minha oração.

9. Aos meninos e aos jovens da Irlanda

Desejo oferecer-vos uma particular palavra de encorajamento. A vossa experiência de Igreja é muito diversa da que fizeram os vossos pais e avós. O mundo mudou muito desde quando eles tinham a vossa idade. Não obstante, todos, em cada geração, estão chamados a percorrer o mesmo caminho da vida, sejam quais forem as circunstâncias. Todos estamos escandalizados com os pecados e as falências de alguns membros da Igreja, sobretudo de quantos foram escolhidos de modo especial para guiar e servir os jovens. Mas é na Igreja que encontrareis Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13, 8). Ele ama-vos e ofereceu-se a si próprio na Cruz por vós. Procurai uma relação pessoal com ele na comunhão da sua Igreja, porque ele nunca trairá a vossa confiança! Só ele pode satisfazer as vossas expectativas mais profundas e conferir às vossas vidas o seu significado mais pleno orientando-as para o serviço ao próximo. Mantende o olhar fixo em Jesus e na sua bondade e protegei no vosso coração a chama da fé. Juntamente com os vossos irmãos católicos na Irlanda olho para vós a fim de que sejais discípulos fiéis do nosso Deus e contribuais com o vosso entusiasmo e com o vosso idealismo tão necessários para a reconstrução e para o renovamento da nossa amada Igreja.

10. Aos sacerdotes e aos religiosos da Irlanda

Todos nós estamos a sofrer como consequência dos pecados dos nossos irmãos que traíram uma ordem sagrada ou não enfrentaram de modo justo e responsável as acusações de abuso. Perante o ultraje e a indignação que isto causou, não só entre os leigos mas também entre vós e as vossas comunidades religiosas, muitos de vós sentis-vos pessoalmente desanimados e também abandonados. Além disso, estou consciente de que aos olhos de alguns sois culpados por associação, e considerados como que de certo modo responsáveis pelos delitos de outros. Neste tempo de sofrimento, desejo reconhecer-vos a dedicação da vossa vida de sacerdotes e de religiosos e dos vossos apostolados, e convido-vos a reafirmar a vossa fé em Cristo, o vosso amor à sua Igreja e a vossa confiança na promessa de redenção, de perdão e de renovação interior do Evangelho. Deste modo, demonstrareis a todos que onde abunda o pecado, superabunda a graça (cf. Rm 5, 20).

Sei que muitos de vós estais desiludidos, transtornados e encolerizados pelo modo como estas questões foram tratadas por alguns dos vossos superiores. Não obstante, é essencial que colaboreis de perto com quantos têm a autoridade e que vos comprometais para fazer com que as medidas adoptadas para responder à crise sejam verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes. Sobretudo, exorto-vos a tornar-vos cada vez mais claramente homens e mulheres de oração, seguindo com coragem o caminho da conversão, da purificação e da reconciliação. Deste modo, a Igreja na Irlanda haurirá nova vida e vitalidade do vosso testemunho ao poder redentor do Senhor tornado visível na vossa vida.

11. Aos meus irmãos bispos

Não se pode negar que alguns de vós e dos vossos predecessores falhastes, por vezes gravemente, na aplicação das normas do direito canónico codificado há muito tempo sobre os crimes de abusos de jovens. Foram cometidos sérios erros no tratamento das acusações. Compreendo como era difícil lançar mão da extensão e da complexidade do problema, obter informações fiáveis e tomar decisões justas à luz de conselhos divergentes de peritos. Contudo, deve-se admitir que foram cometidos graves erros de juízo e que se verificaram faltas de governo. Tudo isto minou seriamente a vossa credibilidade e eficiência. Aprecio os esforços que fizestes para remediar os erros do passado e para garantir que não se repitam. Além de pôr plenamente em prática as normas do direito canónico ao enfrentar os casos de abuso de jovens, continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência. Claramente, os superiores religiosos devem fazer o mesmo. Também eles participaram em recentes encontros aqui em Roma destinados a estabelecer uma abordagem clara e coerente destas questões. É obrigatório que as normas da Igreja na Irlanda para a tutela dos jovens sejam constantemente revistas e actualizadas e que sejam aplicadas de modo total e imparcial em conformidade com o direito canónico.

Só uma acção decidida levada em frente com total honestidade e transparência poderá restabelecer o respeito e a benquerença dos Irlandeses em relação à Igreja à qual consagrámos a nossa vida. Isto deve brotar, antes de tudo, do exame de vós próprios, da purificação interior e da renovação espiritual. O povo da Irlanda espera justamente que sejais homens de Deus, que sejais santos, que vivais com simplicidade, que procureis todos os dias a conversão pessoal. Para ele, segundo a expressão de Santo Agostinho, sois bispos; contudo estais chamados a ser com eles seguidores de Cristo (cf. Discurso 340, 1). Exorto-vos portanto a renovar o vosso sentido de responsabilidade diante de Deus, a crescer em solidariedade com o vosso povo e a aprofundar a vossa solicitude pastoral por todos os membros da vossa grei. Em particular, sede sensíveis à vida espiritual e moral de cada um dos vossos sacerdotes. Sede um exemplo com as vossas próprias vidas, estai-lhes próximos, ouvi as suas preocupações, oferecei-lhes encorajamento neste tempo de dificuldades e alimentai a chama do seu amor a Cristo e o seu compromisso no serviço dos seus irmãos e irmãs.

Também os leigos devem ser encorajados a fazer a sua parte na vida da Igreja. Fazei com que sejam formados de modo que possam dizer a razão, de maneira articulada e convincente, do Evangelho na sociedade moderna (cf. 1 Pd 3, 15), e cooperem mais plenamente na vida e na missão da Igreja. Isto, por sua vez, ajudar-vos-á a ser de novo guias e testemunhas credíveis da verdade redentora de Cristo.

12. A todos os fiéis da Irlanda

A experiência que um jovem faz da Igreja deveria dar sempre fruto num encontro pessoal e vivificante com Jesus Cristo numa comunidade que ama e que oferece alimento. Neste ambiente, os jovens devem ser encorajados a crescer até à sua plena estatura humana e espiritual, a aspirar por ideais nobres de santidade, de caridade e de verdade e a inspirar-se nas riquezas de uma grande tradição religiosa e cultural. Na nossa sociedade cada vez mais secularizada, na qual também nós critãos muitas vezes temos dificuldade em falar da dimensão transcendente da nossa existência, precisamos de encontrar novos caminhos para transmitir aos jovens a beleza e a riqueza da amizade com Jesus Cristo na comunhão da sua Igreja. Ao enfrentar a presente crise, as medidas para se ocupar de modo justo de cada um dos crimes são essenciais, mas sozinhas não são suficientes: há necessidade de uma nova visão para inspirar a geração actual e as futuras a fazer tesouro do dom da nossa fé comum. Caminhando pela via indicada pelo Evangelho, observando os mandamentos e conformando a nossa vida de maneira cada vez mais próxima com a pessoa de Jesus Cristo, fareis a experiência da renovação profunda da qual hoje há uma urgente necessidade. Convido-vos a todos a perseverar neste caminho.

13. Amados irmãos e irmãs em Cristo, é com profunda preocupação por todos vós neste tempo de sofrimento, no qual a fragilidade da condição humana foi tão claramente revelada, que desejei oferecer-vos estas palavras de encorajamento e de apoio. Espero que as acolhais como um sinal da minha proximidade espiritual e da minha confiança na vossa capacidade de responder aos desafios do momento actual tirando renovada inspiração e força das nobres tradições da Irlanda de fidelidade ao Evangelho, de perseverança na fé e de firmeza na consecução da santidade. Juntamente com todos vós, rezo com insistência para que, com a graça de Deus, as feridas que atingiram muitas pessoas e famílias possam ser curadas e que a Igreja na Irlanda possa conhecer uma época de renascimento e de renovação espiritual.

14. Desejo propor-vos algumas iniciativas concretas para enfrentar a situação. No final do meu encontro com os Bispos da Irlanda, pedi que a Quaresma deste ano fosse considerada como tempo de oração para uma efusão da misericórdia de Deus e dos dons de santidade e de força do Espírito Santo sobre a Igreja no vosso país. Agora convido todos vós a dedicar as vossas penitências da sexta-feira, durante todo o ano, de agora até à Páscoa de 2011, por esta finalidade. Peço-vos que ofereçais o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda. Encorajo-vos a redescobrir o sacramento da Reconciliação e a valer-vos com mais frequência da força transformadora da sua graça.

Deve ser dedicada também particular atenção à adoração eucarística, e em cada diocese deverão haver igrejas ou capelas reservadas especificamente para esta finalidade. Peço que as paróquias, os seminários, as casas religiosas e os mosteiros organizem tempos para a adoração eucarística, de modo que todos tenham a possibilidade de participar deles. Com oração fervorosa diante da presença real do Senhor, podeis fazer a reparação pelos pecados de abuso que causaram tantos danos, e ao mesmo tempo implorar a graça de uma renovada força e de um sentido da missão mais profundo por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.

Tenho esperança em que este programa levará a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da própria verdade de Deus, porque é a verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32).

Além disso, depois de me ter consultado e rezado sobre a questão, tenciono anunciar uma Visita Apostólica a algumas dioceses da Irlanda, assim como a seminários e congregações religiosas. A Visita propõe-se ajudar a Igreja local no seu caminho de renovação e será estabelecida em cooperação com as repartições competentes da Cúria Romana e com a Conferência Episcopal Irlandesa. Os pormenores serão anunciados no devido momento.

Além disso proponho que se realize uma Missão a nível nacional para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Alimento a esperança de que, haurindo da competência de peritos pregadores e organizadores de retiros quer da Irlanda como de outras partes, e reexaminando os documentos conciliares, os ritos litúrgicos da ordenação e da profissão e os recentes ensinamentos pontifícios, alcanceis um apreço mais profundo das vossas respectivas vocações, de modo a redescobrir as raízes da vossa fé em Jesus Cristo e a beber abundantemente nas fontes da água viva que ele vos oferece através da sua Igreja.

Neste Ano dedicado aos Sacerdotes, recomendo-vos de modo muito particular a figura de São João Maria Vianney, que teve uma compreensão tão rica do mistério do sacerdócio. «O sacerdote, escreveu, possui a chave dos tesouros do céu: é ele quem abre a porta, é ele o dispensador do bom Deus, o administrador dos seus bens». O cura d’Ars compreendeu bem como é grandemente abençoada uma comunidade quando é servida por um sacerdote bom e santo. «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o tesouro maior que o bom Deus pode dar a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Por intercessão de São João Maria Vianney possa o sacerdócio na Irlanda retomar vida e a inteira Igreja na Irlanda crescer na estima do grande dom do ministério sacerdotal.

Aproveito esta ocasião para agradecer desde já a quantos se comprometerem no empenho de organizar a Visita Apostólica e a Missão, assim como os tantos homens e mulheres que em toda a Irlanda já se comprometeram pela tutela dos jovens nos ambientes eclesiásticos. Desde quando a gravidade e a extensão do problema dos abusos sexuais dos jovens em instituições católicas começou a ser plenamente compreendido, a Igreja desempenhou uma grande quantidade de trabalho em muitas partes do mundo, a fim de o enfrentar e remediar. Enquanto não se deve poupar esforço algum para melhorar e actualizar procedimentos já existentes, encoraja-me o facto de que as práticas de tutela em vigor, adoptadas pelas Igrejas locais, são consideradas, nalgumas partes do mundo, um modelo que deve ser seguido por outras instituições.

Desejo concluir esta Carta com uma especial Oração pela Igreja na Irlanda, que vos envio com o cuidado que um pai tem pelos seus filhos e com o afecto de um cristão como vós, escandalizado e ferido por quanto aconteceu na nossa amada Igreja. Ao utilizardes esta oração nas vossas famílias, paróquias e comunidades, que a Bem-Aventurada Virgem Maria vos proteja e vos guie pelo caminho que conduz a uma união mais estreita com o seu Filho, crucificado e ressuscitado. Com grande afecto e firme confiança nas promessas de Deus, concedo de coração a todos vós a minha Bênção Apostólica em penhor de força e paz no Senhor.



Vaticano, 19 de Março de 2010, Solenidade de São José



Benedictus PP. XVI